Geral

A Ceifeira (INCOMPLETA)

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    Porque é que te odeiam os homens se os levas
                 A um mundo melhor?
    Ó velha hospedeira da aldeia do nada,
    Tenho as malas promptas, vou breve partir.
    Prepara-me um quarto na tua pousada
    Que tenha a janella para o sul voltada
    E fontes á roda para eu dormir...

*DOENTE*

Podesse eu junto a mim--eternamente!--
Sentir roçar, meu bem! o teu vestido
E ó ventura! o teu bafo enfebrecido,
Teu doce olhar e o teu sorrir doente!

Caia do monte o cedro! a grande molle!
Que feneça a _herva prata_ lá no val--
Que me importa!--e qual é meu grande mal
Que morra o cedro, e a planta s'estiole!...

Mas tu, meu bem! mais bella que a _herva prata_
Banhada pelo orvalho transparente...
Não quero que te vás de mim, ingrata,
--Nem teu olhar, nem teu sorrir doente!

Convincentes...

 

chegam já nuas ao meu corpo,
vestidas apenas de desejo,
essas mãos onde eu vejo,
o meu mundo remexer...

mãos que falam,
mãos que calam,
mãos que sabem tão bem ler,
as vontades do meu corpo,
que a boca não quer dizer...

Convencem os meus sentidos,
a entregar-se à paixão,
quando firmemente me tocam,
que deliciosa sensação...

O mundo lá fora...

 

O mundo vestiu-se de noite
eu de ti me vesti...   

a lua entregou-se ao céu
e eu entreguei-me a ti...

por entre a escuridão lá fora
a vida se ia perdendo...
entre os teus braços, meu amor
para a vida eu ia nascendo...

refugiada em teu corpo
a madrugada espiava...
o desejo que corria louco
e que a  pele incendiava...

Na surdez da noite...

 

Gosto de me dar à noite,
quando não me dou a ti,
ela mesmo em silêncio,
fala tanto para mim...

Escuto as linhas que rasgam,
o horizonte do olhar,
e penso o quanto queria,
no teu corpo me aninhar...

A lua lá no alto,
enfeitiça-me o pensamento,
e quando eu fecho os olhos,
vejo-te a cada momento...

A brisa da escuridão,
trás o som da tua voz,
escuto o meu nome ecoando,
deixando o meu coração veloz...

Viagens na tua pele...

 

Percorro-te incessantemente...
faço do teu corpo a minha extravagância...
sigo o rasto da obscenidade que se resguarda nos teus poros...
resgato os cheiros....salvo sentidos...
como naufraga vou buscar-te em todos os sinais,
és farol de sentimentos,
luz acesa que me encaminha à insensatez...
Na tua pele destapo a minha estrada,
atropelo o meu juízo...
 

Ártemis

Contas de rezar

          A Maria dos Prazeres
          Mizericordia dos mares!
          Que escrevi para tu leres,
          Que eu fiz para tu rezares!

Maria dos Prazeres.                       Antonio sem Elles.

    Maria é! Violeta da Humildade
    Onda do mar das Indias! sempre triste!
    Porque andará tão triste nessa idade
    Se o Deus em que ella crê para ella existe?

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