Abandonaste...
Autor: Ártemis on Wednesday, 23 January 2013
Gosto de me dar à noite,
quando não me dou a ti,
ela mesmo em silêncio,
fala tanto para mim...
Escuto as linhas que rasgam,
o horizonte do olhar,
e penso o quanto queria,
no teu corpo me aninhar...
A lua lá no alto,
enfeitiça-me o pensamento,
e quando eu fecho os olhos,
vejo-te a cada momento...
A brisa da escuridão,
trás o som da tua voz,
escuto o meu nome ecoando,
deixando o meu coração veloz...
Percorro-te incessantemente...
faço do teu corpo a minha extravagância...
sigo o rasto da obscenidade que se resguarda nos teus poros...
resgato os cheiros....salvo sentidos...
como naufraga vou buscar-te em todos os sinais,
és farol de sentimentos,
luz acesa que me encaminha à insensatez...
Na tua pele destapo a minha estrada,
atropelo o meu juízo...
Ártemis
Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
A Maria dos Prazeres
Mizericordia dos mares!
Que escrevi para tu leres,
Que eu fiz para tu rezares!
Maria dos Prazeres. Antonio sem Elles.
Maria é! Violeta da Humildade
Onda do mar das Indias! sempre triste!
Porque andará tão triste nessa idade
Se o Deus em que ella crê para ella existe?
Que vezes viajando no Passado,!
--Nas horas das torturas das Chimeras--
--Meu bem!--scismo nas limpidas espheras,--
Junto do verde mar lento e chorado!
N'esses astros talvez já habitámos,
--N'outros tempos mais santos e felizes!
E, ó nuvens! bem sabeis se entre as raizes
Dos mortos, para os soes nos elevámos!
Talvez que ali tambem fomos romeiros
Sedentos do Ideal--sem o encontrar!
--Melhor vós o sabeis, castos luzeiros!
Ó chorosa e sonora alma do Mar!
Será possível que Ela me faça perdoar as ambições continuamente esmagadas,
— que um final feliz compense os anos de indigência, — que um dia de
sucesso nos adormeça sobre o vexame de nossa fatal incompetência.
(Ó aplausos! diamante! — Amor! força! — maiores do que glórias e alegrias!
Teu corpo é minha pátria,
para onde sempre hei de voltar,
por mais voltas que dê no mundo,
é nele que quero habitar...
é nos seus montes e vales,
perdidos na imensidão,
que horizontes se abrem,
pelas frestas do coração...
Teu corpo é minha pátria,
foi nele que eu nasci,
meus olhos só enxergaram a vida,
desde o momento em que te vi...
fui emigrante do tempo,
foragida de mim,
andei solta no vento,
até que em teus braços cai...