A letra A
Autor: Bruno Kinoshita on Saturday, 9 September 2017Lá,
lá mesmo,
Lá,
lá mesmo,
Poesia não se compra.
Não se mede.
Não se vende?
Não se dá,
Poesia se doa.
Poesia não se entende.
Não se encontra.
Não se mistura?
Não tem dono,
Poesia se cuida.
Poesia é tudo.
Não tem data.
É o meio?
É mais para a beirada,
Poesia é de lua.
Poesia é campestre.
É embaixo.
É indébita?
É citadina,
Poesia fica mais aqui para dentro.
Poesia é triste.
É permissiva.
É sorriso?
Escrito em uma folha amassada e jogada para o mundo pelo nascimento:
E como eu pudesse
perder-me pela idade de fora
e a idade recém-nascida.
Que seja forte,
Que seja sensível,
Que às vezes ama desafios.
Que tenha mais QE do que QI,
Que tenha paz de espírito.
Que nas suas folgas descanse até tarde,
Que goste do seu trabalho,
— mesmo que não trabalhe com o que goste,
Que nunca ponha o dedo na ferida.
Que fale a verdade na lata,
Que não chute o balde.
Que seja pai,
Que não queira ser apenas a eterna filha,
Que às vezes chore.
Que seja alegre,
Que simplesmente sorria.
O tempo é um pêndulo,
Areia na ampulheta,
Que não só quando no meio,
Tem dois extremos,
Um que veio,
Um que não tenho,
Um que é saudade,
Outro que é apenas desejo.