ERA INCERTA II
Autor: WILSON CORDEIRO... on Monday, 30 March 2020
há palestras erigidas sobre os sustentáculos das minhas ambições quando a flama da ingenuidade se esgueira do desapreço da multidão e a lucidez injeta na poesia os meus fulgurantes destemperos.
o choro sobre uma mesa desconjuntada posta no meu quarto como um nenúfar bizarro; a cissura que me aluiu o juízo e que eu ultrapassei através da minha determinação; a malevolência que me injuriou fazendo nascer em mim uma serpente abominável.
os meus vocábulos expõem o cadastro daqueles que investigam os sentimentos exaltando as preleções oriundas da solidão e introduzindo na liberdade uma resistência genuína que aviva a poesia.
busco notícias dos submersos horizontes da minha existência forjando ladainhas que transbordam de multíplices regatos para desenlaçarem os freios da solidão e encontrarem os nutrimentos imperecíveis da alma.
semelham cardos as minhas ideias por decifrar no dorso do mundo e nas protuberâncias de excursões onde a vida sobrenada: onde a miséria de existir transpõe as fronteiras do admissível e os seus devaneios contundentes são imprimidos em poesia.
Meus pés estavam caminhando
Sentindo sob eles... as areias úmidas
Pouco antes de chegar ao mar
os vocábulos são utensílios que eu tiranizo para obter efeitos surpreendentes; para que as minhas análises mitiguem o ofegar que me confrange; para que eu me possa iludir repuxando os meus devaneios para o lugar estéril que habito.
num barranco abrupto reviro a tralha mundana com hostilidade; ladeio as funestas mensagens para colorir as atividades que perfilhei; sustento o meu fôlego nos andaimes duma existência revigorada.