os ramais da temperança
Autor: António Tê Santos on Saturday, 3 August 2019a dor é um sintoma que a providência transporta até ao poeta quando ele ausculta as exaltações que a malignidade vai engalanando e que geram o desatino na sua consciência.
a dor é um sintoma que a providência transporta até ao poeta quando ele ausculta as exaltações que a malignidade vai engalanando e que geram o desatino na sua consciência.
o tempo atordoa-me quando endurece as dúvidas inscritas nos meus desejos culminando anos de imperícias mundanas; e quando teima em abrir o leque da monotonia para me livrar dos afazeres que circulam pelos carris do desespero.
poetizo as agruras inseridas nos tratos quando a minha comunicação adverte para os tentáculos que ornamentam o poder questionando as suas derivações estrondosas com os pareceres que brotam das suas disputas vorazes.
há narrações que eu desvio dos canais túrgidos do abatimento para inverter os meus sonhos contaminados; e oferendas que eu consigno junto ao pedestal da alegria para readquirir o meu fôlego.
Replicante
Replico difusos erros em passos de réplicas e tréplicas, minha consciência se retrata, mas logo replico no mesmo instante dia mês ano reproduz os mesmos desafetos, segunda, terça e sexta replicaram novas estrofes de violão quebrando como um interminável refrão.
Fogo cotidiano
Essas poesias curtas são como mãos rápidas
Abrindo uma porta de maçanetas de ouro
Portas da percepção inconsciente um tesouro cotidiano
Fogo de coração, que bate em brisas eternas.
Profeta
Enfada-me por traduzir pensamentos alheios
Enfado-me por não os dizer
Enfado-me por tê-los em cima dos cumes
Dos montes silenciosos
Eu só quero mesmo e dize-los de forma amável
Que de teus alheios são também meus por tê-los.
Egóico
O desejo de querer ser grande se fez pequeno, esmagado por outra pedra sedimentada que gravita minha humildade sendo fuzilado por pistola nazista, dores urbanas sendo expurgados por crucifixos de mármores em lugares Solitários,
Avanço com um turbilhão de pensamentos, a calma do Lexotan controlou a criança mendiga de rua do meu eu, egos congestionados em fluxos duplos da avenida principal.
Eu era o último da fila do filme do cinema, que exibia dois filmes, O herói do nada e o Suicídio do soviético.
Chuva
Gustave
No substrato psíquico comum
Eu vi um golfinho nadando na Grécia do meu coração
Minhas lagrimas translucidas
Viram animais correndo na relva
Sua silhueta ficava mais belas no movimento da luz arquetípica
As estrelas do meu próprio destino jazem em meu peito
Ele bate feliz.