Baú
Autor: Rapha Marcelino on Monday, 11 June 2018Abri a carne e exibi o peito ao som da raiva incessantemente incessante do silêncio,
rendilhei o baú e abri-o todo,
Abri a carne e exibi o peito ao som da raiva incessantemente incessante do silêncio,
rendilhei o baú e abri-o todo,
as conceções fremem quando brotam ouriçadas sobre a apoteótica estrutura: circulam num fluxo endiabrado pelo convés das incertezas manifestando uma colaboração inflamada que se volatiliza num esquisso de augúrios previdentes.
o poema sobreleva feitiçarias quando os rochedos derredor são inclementes: ele multiplica-se numa campânula que se fratura para gerar erudição; e a textura crassa da morte já não persiste quando ele alcança destampar uma ovacionada melodia.
poderia nutrir palavras que lutassem por tudo aquilo que se debate nos eixos vívidos das conjunções; poderia manipulá-las com mensagens que galgassem as insignes fronteiras do tempo... porém ecoam mais alto os vastos sortilégios dos meus bailados.
introduzo-me até onde se esmera a poética contextura quando acede à fantasia; ou quando moderniza os meus itinerários reflorescidos pela esperança; ou quando a sua volubilidade contém um hiato ríspido que ampara a minha formação.
emagreço as experiências dolorosas quando universalizo as minhas ideias desenrolando-as em textos que solevam a poesia: são expedições ao cerne de mim mesmo onde uma frialdade aparente eu planeio construir.
neste mundo empolado recordo alguns dos seus factos solenes: a sua recreação exaustiva quando desnuda o recheio da maledicência; e a sua colossal perspicácia quando adultera os dísticos da fraternidade.
uma trouxa poisou nas agruras incentivadas pelas falácias quotidianas, no abandono dos regatos da minha infância, na sublevação através da hispidez do desregramento.
a poesia homenageia os engenhosos que a ilustram com os seus melancólicos fervores transportando-os pelos canais da criação até aos lugares onde se adornam de múltiplos objetivos.