Meditação

Surreal imagem

Com pincéis de incolor seda e uma paleta de infindas cores

Pintalguei abruptamente o meu nascer de fugaz cor,

Suavemente embalei os braços da minha mãe,

De alegria esfusiante desenhada

Com bênçãos mil percorri a minha infância,

E de frondosas árvores e inebriantes animais,

Na Terra Mãe fui enraizada.

À entrada do humano viver

Surge a revolta implacável e imunda,

Timidamente pintalguei o meu ser de cor de medo

E rasgando as minhas células,

Singular devaneio

Oiço ao longe intensas e vibrantes badaladas

O chilrear brejeiro e alegre dos pardais

Que tal como eu sentindo a suave brisa de vento

E que acorda o reflexo dourado da Terra que me acolhe

Grandiosa e divina que os meus pés pisam sem pudor

Mas na minha alma retrata o meu ser

Ser este que de tão perturbador,

Sonha com o infinito e eterno céu

Que os meus olhos com encanto abraçam,

E que no meu coração habita para nele sempre permanecer

Sentindo em mim que o meu ser é das estrelas

Ser, humano

Nas brumas da realidade

Fugazes momentos que transbordam de vida

Presença única que de ti, universo infindo

Encontro nas vísceras que em mim reclamam

O estar vivido nesta realidade que me afoga

Num mar de caóticas sensações de nada

Procuram incessantemente em mim, a vida

Que desnudo e assim sentida,

No breu do meu olhar se desvanece

Apenas neste profundo ser que de mim renasce

E se aflora abruptamente no meu sentir

Que de ti, universo imenso

Bucólica espera

 

E este imenso mar abalroa o meu olhar

Sonantes ondas transpõem o meu ser

De profundidade sedento,

Jamais desenhada na superficialidade desta realidade,

Que me afoga com desdém

E inerte olhando para esta sua imensidão

A minha alma finalmente encontra,

Aquela paz que o meu ser escabrosamente anseia

E assim permaneço desejando somente

Reencontrar nas suas intempestuosas vagas

Aquele silêncio que absurdamente me envolve,

E me devolve o breu desta vida

O Senhor Me Conhece

Senhor tu conheces os meus pensamentos

O meu deitar e levantar

Toda palavra oculta em minha língua

Sabes mesmo antes de eu falar

Sabes para onde irei

Antes de me por ha caminhar

Para onde fugirei da tua face

Que não possa me encontrar

 

Se subir ao céu Lá esta o Senhor 

Se mergulhar nas águas do mar

Também ali o Senhor me espera

A tua mão sobre as ondas me guiara

Se as trevas me encobrirem

A sua luz me mostrará

Trevas e luz são iguais para o senhor

Apenas escrevendo

Na desmedida ânsia desta escrita

Me traduzo sem pudor,

Regurgitando a minha angústia

Abençoando os meus amores

E exorcizando os meus desamores,

Vertendo invisíveis lágrimas

Que perdi na dor de nunca me encontrar.

E eternamente me procuro,

Pintalgando o meu pensamento

De cor infinda de esperança,

Numa folha de papel de serenidade inundada

E que revejo numa bucólica e vibrante árvore,

Delicadamente me aplainando

E com ternura me transparecendo,

Somente poemar

E assim me encontro e desencontro

Suavemente o teu olhar tocando

Que me penetra e confunde,

Aquele olhar que jamais encontrei

No mais profundo do meu ser.

E nele arde em mim o singelo fogo

Que da terra ferozmente brota

Com trevas de esperança anunciado

E exalado num profundo grito de agonia,

E que em mim divinamente aterroriza

Nesta desmedida ânsia de viver,

E me seduz e fingidamente me abraça,

Acalentando com ternura todo o meu ser.

Intensamente

Neste primaveril entardecer

Um intenso sabor de vida paira

Apega e desnuda todo o meu ser

E perante ti, me ergo, vida infinda

Que de fugaz tempo me eterniza

E incessantemente te procuro em cada esquina,

Breve amanhecer de incessante penumbra

Que delicadamente me abraça e recolhe

Para de mim sua alma toldar,

Breves momentos de sublime glória

Que em mim acalenta e desbrava

Perdidos sonhos que em fulgor renascem

E intensas emoções me desdenham,

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