a flor austera
Autor: António Tê Santos on Saturday, 17 February 2018há enxurradas de ilusões que eu vou arrastando pelas rugosidades que ornamentam o meu viver: são edifícios magníficos branquejados pela minha sensibilidade.
há enxurradas de ilusões que eu vou arrastando pelas rugosidades que ornamentam o meu viver: são edifícios magníficos branquejados pela minha sensibilidade.
Nem só uma...
Meu mundo é pequeno
Não só pequeno ou apenas
Ele é distante, não apenas só
Também cambaleante
Meu mundo também é colorido
As vezes preto e branco, não só
Quando era cinza embranqueceu
Quando embranqueceu, iluminou
Nele não cabe um navio de livros
Nem só uma carroça de poemas
Nem ao menos uma criança sorrindo
Somente só um adulto gemendo
Somente cabe eu ressurreto
Sem qualquer sentimento insurgido
Desacompanhado de eu próprio
Passageiro de mim reprimido, neste dia, só.
ingressei nos vetustos lugares onde a tristeza subjuga; percorri caminhos repulsivos para me estabelecer numa insípida masmorra; desembrulhei a genuinidade para fugir à monotonia.
Mundo pequeno
Meu mundo é pequeno
Não só pequeno ou apenas
Ele é distante, não apenas só
Também cambaleante
Meu mundo também é colorido
As vezes preto e branco, não só
Quando era cinza embranqueceu
Quando embranqueceu, iluminou
Nele não cabe um navio de livros
Nem uma carroça de poemas
Nem uma criança sorrindo
Nem um adulto gemendo
Somente cabe eu, desacompanhado
De qualquer sentimento insurgido
Desacompanhado de eu próprio
Passageiro mim temporário, neste dia, só.
Às vezes fia
Poesia minha companhia
Às vezes quente, às vezes fria
Somente seu conforto
Me traz alegria
Se relembro desenterro
Se esqueço descrevo
Se me esqueço me encontro
No primeiro ato do escrevo
Poetizar no teu seio
É amamentar meus caprichos
De ser o que não fui
Naquilo que sempre anseio
De volta pra realidade
Só fico com sua saudade
De voltar a te rever
Poesia meu bem querer
Tilintar supremo
No tilintar do sino tem algum aviso
Este gemido do ferro traz esperança
Ou simula uma desilusão findada
De alguém que já espectacularisou na vida
Pelas batidas insistentes é de desespero
Como o desembrulhar de um feito
Que fora desfeito por alguma causalidade
Ou pelo vexame de alguma maldade
Bate lá o sino, pequenino, sino do além
Se nasceu algum menino ou menina
Que venha nos acompanhar para o bem
Com saúde dos que aqui cantam sem rima
Mãe de todas as mortes
Se a morte não lhe assusta mais
É porque venceste na vida
Se a morte ainda lhe assusta
É porque tens longa caminhada ainda
Se o escuro lhe incomoda
Feche os olhos que verás
Que tens um escuro na vida
Maior ainda para superar
Se a solidão lhe destrata
Não se assuste pela sorte
Pois ela é irmã do escuro
Mãe de todas as mortes
Se a solidão lhe conforta
O escuro lhe acalenta
E a morte não mais lhe assusta
Superaste o que lhe impôs a vida injusta.
Janela do vento
Na minha janela passa uma ventania
é a ventania do tempo que passa
contra minha velocidade pra frente
me joga pra traz e meu coração despassa
A força do vento tempo
é maior que minha velocidade animal
penso que avanço no momento
atraso apenas em veloz pensamento
Não quero ceder a este tempo
que não me deixa dormir como criança
que se cansou na ciranda
mas ao contrario me acorda pra dança
Maltrapido
Penacho de penas e espinhos
Penduricalho de penas alternativas
Grudo na pena e escrevo
Plenamente meus pensamentos.
Pena que você não veio
Pra festa da paz
Não faltaste à festa da guerra
Onde a esperança se desfaz.
Plumas e paetês te vestiram
Trapos e retalhos te corrigiram
Num mundo de insolência
Trapos foram sua penitencia.
tergiverso pelas estradas da alegria para me estabelecer no chão derradeiro onde recupero a liberdade; transponho o infortúnio para poisar onde a mistificação não existe nem a transparência das náuseas deturpando as minhas convicções.