Meditação

Sonhei Com O paraíso

Esta noite eu tive um sonho

Tudo parecia ser real

Sonhei que como um pássaro eu voava

Entre as nuvens, voava sem parar.

Pousei num lugar tão bonito

Havia flores em todo o lugar

Vi de longe um campo verdejante

E muitas ovelhinhas a pastar

 

De repente ali surge um homem

Em minha direção a caminhar

Suas vestes eram brancas como a neve

O seu corpo uma luz a brilhar

Aos poucos foi envolvendo o meu ser

Para o seu rosto não consegui olhar

Comovido cai aos seus pés

Inevitável

Inevitável

Achava normal o impossível
a realização do inevitável
aceitando sempre o insuportável
como se tudo fosse casual.
Não tenho acaso em minha prece
me insisto em tudo que acontece
aconteço no meu desconhecer
me encontro em querer me ver.
Só me basta uma oportunidade
pra entender que o inevitável
está perto do insuportável e
estamos perto de um esquecer.
Assim me lembro e me repito
duplico, triplico sem finalização
porque sou recordação de mim
em cada momento da imaginação.

Jurei

Eu jurei que era

Eu jurei que sou

O Sol tenro da primavera

O frio do inverno que chegou.

 

O aspecto desta vida marginal

É uma esfera de altos e baixos

Como um transexual

Entre fêmeas e machos.

 

Não sou pessoa

Sinto-me coisa figurante.

Nem coisa má nem coisa boa

Mas de falta abundante.

Um livro abandonado à estante!

Borguês

Certos pensam que sou borguês

Porque marcho com os pés na frente.

Disso estou inteiro consciente

Nesta pele de burgo em viuvez.

 

Queria pular no vazio do universo

Penetrar esse vazio que me atacha

Viver na página do verso

Onde todo mundo me acha!

 

A minha borguesia 

É uma caixa vazia...

 

Lugar comum

Lugar comum

O corpo marionete da alma
movimenta pernas,
agita braços e perturba mente
com os desatinos existentes.
Perto de um lugar comum
onde corpo engole mente
mente engole alma
e o espírito engole todos.
Sempre assim desajustados
no menor sibilar presente
vemos todos os tempos
correndo juntos aos alentos
arrependidos e repetidos.
Os desatinos da alma e corpo
são como reflexos do corpo
se esvaindo na alma
de quem tem só desejo
de encontro ameno
nestes dias tão pequenos.

Pés e nuvens

Pés e nuvens

Por que se apressam meus pés
se sequer sei a distância
se sequer sei a tolerância
que a vida vai me pautar.
Parece que a pressa de meus pés
é semelhante às nuvens do céu
ao vento que sopra nos arranha-céus
que engole a garganta do abismo.
Encurto meu andar no escuro
espicho o meu andar no mundo claro
rompi com meu destino cruel
de ser andarilho do deslaço.

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