Meditação

Pés e nuvens

Pés e nuvens

Por que se apressam meus pés
se sequer sei a distância
se sequer sei a tolerância
que a vida vai me pautar.
Parece que a pressa de meus pés
é semelhante às nuvens do céu
ao vento que sopra nos arranha-céus
que engole a garganta do abismo.
Encurto meu andar no escuro
espicho o meu andar no mundo claro
rompi com meu destino cruel
de ser andarilho do deslaço.

Gratidão

Gratidão
Virtuoso és se grato fores
este farol encandeie o caminho
no desposar desta virtude
seres sempre sabidamente.
Plana neste plano do saber
saberá recorrer seu querer
nos planos da tua gratidão
que padeceu pelo engano.
Seja astuto com a sabedoria
embeleze esta áurea de justiça
grato seja neste em todos os pontos
os que possam até existir, jamais.

Relógio

Relógio
O tempo esqueceu de apontar
algumas coisas que já não me lembro mais
me parece que o tempo só aponta
coisas grandes e as pequenas deixa pra traz.
Por isso não uso relógio,
seus ponteiros se cruzam sem nada marcar
só avisam que chegou a hora
que já vai correndo embora
na tentativa somente de me apressar.
Acho que por isto não encontro meu tempo
por estar mergulhado nas coisas pequenas
amparo-me nelas como se verdadeiras,
e quando descubro que não sustentam
dou volta e meia pra trás

Somente questão

Haverá algo mais verdadeiro do que ser pessoa entre a multidão?

Não sei quem o disse

Ou talvez saiba mas não me lembro quem!

Apenas acredito

Que ser-se pessoa na multidão

Poderá ser apenas um devaneio do nosso coração,

Ou talvez um arquétipo da nossa imaginação

Ou então uma imagem perdida na nossa lembrança

De sonhos tresloucados

Do tempo infinito do nosso ser.

Perdido na multidão deixaste de ser pessoa

Serás apenas ilusão,

Ou invocação do meu coração

A alma do meu personagem

às vezes fingia

saía de mim e retornava ao fim do dia,

morria o poeta ...

e salpicavam em mim noites intermináveis

de sabores amargos e funestos,

outrora sentidos e emaranhados no meu ser

mas agora apenas vividos

por não saber afugentá-los,

vencendo apenas a angústia mortal da realidade presente,

cuspindo os anseios do meu coração

e erguendo a voz abafada do meu corpo,

fingia ...

procurando constantemente pela minha alma latente,

sangrando e inundando o sol de breu,

Terra Fértil

Terra fértil

Aonde colhe tudo que se planta

Nessa terra existe a esperança

Para aquele que é semeador

A vida inteira por essa terra eu procurei

Pelas estradas muitas lagrimas derramei

Mas este dia para mim chegou

 

Terra fértil, Terra fértil.

Abençoada pelo meu Senhor

Aonde pouco semeei e muito colhi

Nessa terra hoje eu sou feliz

Todas as manhãs eu olho para o infinito

E de joelho agradeço ao criador

Que me trouxe para essa terra

E a minha vida mudou

Somente devaneio

Encanto, sofregamente encanto

Silêncio transbordante e soprado na chama incandescente

Incessantemente aquele sentimento de amargura imunda

E somente ansiando pelo silêncio do teu olhar

Breve nuvem ensombrando o meu caminho

Átomos exteriorizando uma dança de pesar

Deambulando insano coração nas partidas palavras

Que palpitam no crepitar de uma canção

Silêncio infinito,

Eternamente em mim soçobrando

Breve esgar de remorso

Por um caminho tortuoso e delirante

Procurando-me

Procuro-me e não me encontro

Por íngremes veredas e estonteantes alamedas

Cruzo o sombrio bater da alma humana

Encontro penumbras que de vida fervilham,

Agrestes ondulações transbordam o oceano

Um agre sabor pincela o meu corpo

Que paira na longínqua estrada

Que por entre os meus dedos escorre

Vida esta estranha e solitária

Que percorre todo o meu ser

E me encontra num pensamento fugaz e etéreo

Que levemente sobrevoa o imenso céu

Que adorna o meu sonho

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