Ponte de chegada
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 17 June 2015Aprendi com os tombos da vida
a olhar-me tal com o sou ,
reflectido no espelho de mim,
Aprendi com os tombos da vida
a olhar-me tal com o sou ,
reflectido no espelho de mim,
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À meia-noite,
Morre um dia
E nasce outro;
Mas, por que é noite,
Talvez fosse mais correcto dizer:
- Morre uma noite
E nasce outra.
À meia-noite,
Nem sequer é ainda
Meio da noite...
E as sombras agitam-se
Ao compasso da lua
Ou de qualquer luz
Que haja na rua.
Eu não vou falar dos que já morreram, pois por estas pessoas nada poderei fazer. Quero falar de todas as crianças que neste exato momento procura um pão, mas só encontra pedras, pois para elas nada é feito.
Espreitou-me pela fresta da porta e viu
a si mesmo maculado pela luz do luar,
que brandava sobre a janela branca
do meu quarto.
Em meio ao distúrbio,
virou-se descendo as escadas
enquanto maquilava sua tez,
a idiossincrasia do tempo...