Aos Quatro Ventos.
Autor: Miguel França S... on Monday, 31 December 2012
Deuses Da Floresta.
Guel Brasil.
Tem alguns lugares dessa terra
Onde o homem ainda não pisou;
Mas já estão chegando perto
Com moto serra e trator,
Deuses Da Floresta.
Guel Brasil.
Tem alguns lugares dessa terra
Onde o homem ainda não pisou;
Mas já estão chegando perto
Com moto serra e trator,
Esquálidos, Sem Vida, Zumbi.
Guel Brasil.
Por enquanto, contei dez
Morando e vivendo ali;
Vivendo não, morrendo aos poucos
Esquálidos, sem vida, iguais zumbis.
Roupas esfarrapadas,
ESTOU CANSADA DE CORRER ATRAS DOS SONHOS,
DE PROCURAR A CADA CANTO A FELICIDADE,
CANSADA DE CHORAR E DE SOFRER,
MAS PORQUE ACEITO QUIETA ESTE VIVER,
CONFESSO A TODA A GENTE: SOU COBARDE !
QUISERA VOAR PRA ALEM DO VENTO
EM BUSCA DA MINHA LIBERDADE,
MAS CORTARAM-ME AS ASAS,NAO VOEI,
E PORQUE NADA FIZ,E NAO LUTEI,
CONFESSO A TODA A GENTE: SOU COBARDE !
QUISERA GRITAR AO MUNDO INTEIRO
A DOR IMENSA DA MINHA INFELICIDADE,
MAS FUI AMORDAÇADA,NAO GRITEI,
E PORQUE CONSENTI E ME CALEI,
Tenho a cabeça aberta ao que não me cumpro...
				O corpo descansa na cabeça futura;
				espera, ainda, a casa que não encontro na estrada.
Um dia serei sem dias.
				Não terei calendário.
				Serei ao vento...
				-reconforto-me.
As mãos perguntam a primavera...
O sol desaba como àgua ardente.
				E eu limito-me a desabrochar...
Dizem-me que assim é...
				...a natureza das coisas...
Vejo a luz que me ilumina,
Difusa e ténue entre a vidraça embaciada!
Quero partir para o mundo de Além
E conformar-me com a ternura do Nada!
Imiscuo minha alma no vazio,
Cubro-me com um manto de negra dor.
Escondo-me nas brumas pantanosas do ser
Espero, silenciosa, a chegada do Amor!
Grito abafado no âmago do sentir,
Corro de encontro ao Mundo, perdida
Fujo de mim, do medo, do sonho
Perco-me silenciosa, nas agruras da vida.
Sorriso audível das folhas
				Não és mais que a brisa ali
				Se eu te olho e tu me olhas,
				Quem primeiro é que sorri?
				O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente
				Para fins de não olhar
				Para onde nas folhas sente
				O som do vento a passar
				Tudo é vento e disfarçar.
Tenho tanto sentimento
				Que é frequente persuadir-me
				De que sou sentimental,
				Mas reconheço, ao medir-me,
				Que tudo isso é pensamento,
				Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
				Uma vida que é vivida
				E outra vida que é pensada,
				E a única vida que temos
				É essa que é dividida
				Entre a verdadeira e a errada.
A criança loura
				Jaz no meio da rua.
				Tem as tripas de fora
				E por uma corda sua
				Um comboio que ignora.
A cara está um feixe
				De sangue e de nada.
				Luz um pequeno peixe
				— Dos que bóiam nas banheiras —
				À beira da estrada.
Cai sobre a estrada o escuro.
				Longe, ainda uma luz doura
				A criação do futuro...
E o da criança loura?
Vaga, no azul amplo solta,
				Vai uma nuvem errando.
				O meu passado não volta.
				Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
				Entra mais na alma da alma.
				Mas como, no céu sem gente,
				A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
				E a lembrança é que entristece,
				Dou à saudade a riqueza
				De emoção que a hora tece.