Meditação

A falta que me faz

O dia sobra muito

e a rotina petrifica a evolução.

Carros passam, enxurrada lava

as calçadas, sons se repetem,

ecos de uma memória perpétua.

A fadiga torna o marasmo

um lugar de exílio.

É fácil brincar de esconde-esconde com a monotonia

que se fez morada nas folhas caídas do meu quintal.

Enquanto segue a fio o céu de estio,

lobos caçam.

Farejam o sangue e salivam com suas 

línguas ferinas expostas.

Buscam em suas presas, pedaços de vidas para preencher o vazio 

deixado pelo esmo.

Teus Olhos Entristecem

Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

o teor da minha liberdade

não há pressa em verberar as sociedades porque elas morrerão quando os indivíduos ascenderem ao topo da hediondez para poderem banir os critérios das suas dolorosas existências: desdobrando as suas quimeras em missões vanguardistas; transferindo para lugares cristalinos o seu desejo de viver.

o teor da minha liberdade

poderia trair os meus intentos se franqueasse as janelas à displicência, mas isso não vai suceder porque eu transfiro para os leitores toda a experiência que conquistei; porque eu incentivo a esperança no dealbar duma fase produtiva; porque eu defendo a harmonia no contexto da minha salubridade intelectual.

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