Meditação
A falta que me faz
Autor: Ícaro Marques E... on Tuesday, 26 November 2013O dia sobra muito
e a rotina petrifica a evolução.
Carros passam, enxurrada lava
as calçadas, sons se repetem,
ecos de uma memória perpétua.
A fadiga torna o marasmo
um lugar de exílio.
É fácil brincar de esconde-esconde com a monotonia
que se fez morada nas folhas caídas do meu quintal.
Enquanto segue a fio o céu de estio,
lobos caçam.
Farejam o sangue e salivam com suas
línguas ferinas expostas.
Buscam em suas presas, pedaços de vidas para preencher o vazio
deixado pelo esmo.
O Início de Mim
Autor: Ex-Ricardo on Saturday, 8 December 2012Quero ouvir-me na tua boca.
Quero ter por língua a tua voz por escrever!
Se não o dissemos quase não chegou a existir!
O que não dizemos não faz falta!
Mesmo os nossos nomes...
Teus Olhos Entristecem
Autor: Fernando Pessoa on Sunday, 11 November 2012Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.
Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.
deambulações emocionais
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 7 May 2025recolho a ternura que circunda a minha existência quando odoro o mundo com discursos poéticos; com conjeturas refutáveis que se engastam nas fúteis sociedades; que escapam à vigilância da trivial compreensão.
deambulações emocionais
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 7 May 2025oiço praguejar nos excêntricos locais onde os misantrópicos se acoitam; onde contestam o fadário que os consome e os avilta; onde desde há muito que não choram porque as lágrimas abandonaram as suas desalentadas emoções.
Ecos do Silêncio
Autor: Leônis da Silva on Wednesday, 7 May 2025amanhecerá
entre a penumbra de um dia e outro
o ruído do silêncio fazendo eco na madeira dos móveis
o criado-mudo tão mudo quanto antes
estático na sua velha roupagem de verniz vencido
— o tempo deixa marcas me disse, mudamente
— e eu que achava que não... sorri sardônicamente
silêncio lá fora. barulho lá dentro
o vento soprando as horas como se o tempo fosse vela
entre um silêncio e outro [o ruído do tempo]
esse barulho que não passa... virá de fora ou virá de dentro?
deambulações emocionais
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 6 May 2025uso a arma da solidão para a brandir contra os energúmenos que a causaram; que introduziram no meu âmago o tédio e a repulsa; que me ludibriaram com os seus amplexos inconsistentes.
deambulações emocionais
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 6 May 2025transfiro para os meus versos as deambulações pelos roteiros do mundanismo; pelas enxovias onde alentei a minha rebelião; pelos lugares desprezíveis onde não me precavi contra os meus inimigos.
deambulações emocionais
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 6 May 2025ordeno os meus dilemas de acordo com a gravidade das lambadas que sofri; de acordo com as perturbações que acumulei quando me introduzi no mundo e nas suas questiúnculas usuais; quando escutei as suas ladainhas disformes.