a motoreta bravia
Autor: António Tê Santos on Monday, 11 December 2023um radioso futuro brota do gargalo da esperança contribuindo para o mundo que imaginei; participa nos temas que discorri; afasta o meu desamparo através de vigorosas utopias.
um radioso futuro brota do gargalo da esperança contribuindo para o mundo que imaginei; participa nos temas que discorri; afasta o meu desamparo através de vigorosas utopias.
sobre uma tumba ancestral escavei martírios que perduram; transverti a minha vida numa cíclica rebelião que entrançou nas discórdias vigentes; que promoveu angustiosas reflexões.
os meus alvoroços fizeram-me ingressar numa senda reprovável; nas posturas duvidosas duma áspera solidão; nos compromissos fictícios duma vida desprovida; nos trâmites dolorosos duma impostura colossal.
a felicidade está no centro das minhas pretensões quando afasto as lembranças sobressaltadas; quando implanto nos meus versos as flores da minha atual condição; quando reinvento o mundo que me torneia.
absorvo os manifestos que escrevo para dignificar o meu atual regozijo; para que recrudesçam os exemplos da minha indulgência; para que os benefícios da minha poesia se firmem de vez.
divulgo o fulgor que se esfraldou até ao cerne das minhas utopias; até bem dentro da minha juventude onde bailei as valsas insensatas da liberdade; onde desenvolvi as minhas aptidões com o patrocínio da imaginação.
as sociedades evoluem pelos terrenos da crueza e do desencanto: os seus tratados buscam subjugar; as suas numerosas imposturas seduzem aqueles que elogiam tudo aquilo que não compreendem.
transporto comigo as agruras para as examinar através da poesia; para as retinir nos terrenos adulterados da existência; para as sublimar através das minhas fantasias.
possuo uma armadura que me resguarda dos temores; sustento uma robustez que expulsa as minhas alucinações; instalo a minha têmpera poética numa redoma inquebrantável; vagueio pelos lugares acrisolados que sufragam o meu destino.
a malvadez enraíza-se no patamar álgido das nossas turbações; nas futilidades que rodeiam os nossos antagonismos; nos dilemas que sustentam os nossos ódios exacerbados; nos contextos promíscuos das nossas vidas.