FIM DO MUNDO
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Monday, 21 December 2020
FIM DO MUNDO
dizer que:
não é o fim
quando o mundo
cessa
de ter princípio
ou intermezzo
de si mesmo...
então
é o fim do mundo
fora de si
FIM DO MUNDO
dizer que:
não é o fim
quando o mundo
cessa
de ter princípio
ou intermezzo
de si mesmo...
então
é o fim do mundo
fora de si
a postura maldosa daqueles que deformam os sentidos do verbo amar para frustrarem os seus enleios ternurentos e cingirem a luta intermitente que ocorre nos sustentáculos da sua existência atormentada.
há cardos que eu fricciono nos momentos insípidos ou degenerados em que a misantropia me requisita para que as nocividades desta vida sejam bradadas para o túnel que vou escavando com lucidez.
glorifico aqueles que recheiam de virtudes os seus alforges; que delimitam a sua tristeza para se poderem retratar com palavras vigorosas; que ostracizam a revolta para que a formosura seja um apanágio da sua biografia.
os vexames que suportei contêm sonhos que reúnem os alvoroços da minha vida: são dias e dias em que liberto asceses na minha poesia; são gomos de erudição que verto num mundo baralhado pela impostura.
contradigo as melífluas paisagens dos homens quando leio nos seus semblantes as marcas duma vida inconsequente e estéril; e quando isolo os seus tristes anseios do lugar onde jazem os seus excessos deploráveis.
afasto do meu caminho os gigantescos embustes que renovam os pudores antigos e as fórmulas intermináveis que expõem à zombaria aqueles que revelam os seus tímidos defeitos e as suas dramáticas suscetibilidades.
diminuímos os nossos temores pungentes quando libertamos da nossa carnadura os atos vergonhosos que ornamentam a convivência ou quando recolhemos do mundo os sinais que fragilizam a nossa evolução.
a democracia fomenta os intentos humanos mas as suas diretivas também suportam uma jurisdição que tomba em orgias mediáticas ou incluem pensamentos por rasurar na tribuna dos nossos tormentos coletivos.