a recuperação do ardor
Autor: António Tê Santos on Sunday, 9 August 2020lobrigo o sofrimento na crosta dum mundo que também me oferece as ferramentas para conceber o rosto dum deus resoluto que pregue contra as hostilidades ásperas e cruéis.
lobrigo o sofrimento na crosta dum mundo que também me oferece as ferramentas para conceber o rosto dum deus resoluto que pregue contra as hostilidades ásperas e cruéis.
O HOMEM E A FORMIGA
Certo dia, um homem estava desempregado e ele tinha três filhos e a esposa para sustentar. Ele já havia procurado emprego em várias empresas, mas, não conseguiu.
Em uma manhã ensolarada, as crianças estavam na escola e então sua esposa disse: não temos nada pra comer, não sei como vai ser quando as crianças chegarem da escola.
O homem respondeu: eu também não sei, mas, Deus vai nos ajudar. A mulher respondeu: Amém!
restauro a minha infância ao transformar as perturbações em cantigas que transfiro para o reduto da inspiração; e prossigo inundando a alma com os lamentos que vou esclarecendo na poesia.
poetizo as desventuras inscritas em tantas pistas assombrosas que eu não soube cursar e em tantos exemplos de rancor que fulgiram no rosto dos meus inimigos; e poetizo o exaspero que originei quando as lúcidas análises destruíram as minhas ligações.
há miscelâneas que me arrebatam quando bloqueio os sobressaltos demarcados pelo meu entendimento ou quando versejo sobre as mesuras que invadem a minha compleição e que eliminam o infortúnio da minha biografia.
trago na ideia os degredos da minha vida quando revolvo as utopias para banir as suas sequelas buliçosas; quando esburaco as paredes do ócio para afugentar os fardos da minha existência; quando clarifico o meu raciocínio para traduzir os diplomas da sua agudeza.
há enigmas por decifrar no mundo subalterno que eu abandonei fundamentando uma crença que adquiriu os proventos necessários para que eu voasse nas rajadas dum vento poético que sustenta uma apoteótica ordenação.
os problemas orientados pela minha lembrança retrocedem ao limiar duma genuinidade que enaltece os ecos da minha estrutura e introduz nos alimentos da alma a paz das minhas emoções.