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Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.
Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.
envolvo as reflexões numa formosura consentânea com o meu fôlego poético; divulgo-as com laivos dum encanto que agita o oásis que inventei; amplifico-as nas jornadas que conduzem à minha redenção.
eu recolho a inspiração das minhas antigas utopias; das mensagens que incorporo na fileira do raciocínio humano; das fórmulas que tipificam as minhas atribulações; dos itinerários do meu isolamento.
louvo a mente sublimada dos poetas que fintam a impostura e o desconsolo; louvo as danças frenéticas que potenciam quando borrifam o mundo com os seus devaneios; louvo a garra e a esperança que inculcam no coração dos seus leitores.
trago na ideia muralhas por derrubar numa atuação que ligue a minha existência à roda-viva da poesia: que desloque para o recheio da convivência o meu perfume de solitário; que transfigure a nomenclatura antiquada do mundano entendimento.
a essência do poeta está na profusa teia de conceções que ele transmite através da sua imaginação; através das gestas requintadas que ele narra aos seus leitores; através dum prolongado lazer que benfeitoriza o mundo derredor.
utilizo a nomenclatura que me protege dos temporais; que atravessa as minhas contendas para me brindar com escritos basilares; que ressalva os meus achaques para que eu possa abranger a sublime liberdade.
vale a pena contradizer as narrativas da idolatria geradas pelo desespero que nos atormenta; vale a pena extinguir as ambulações pelos roteiros da fé que nos mobilizam contra a lucidez; vale a pena perfilhar o semblante do regozijo que emerge da nossa apoteótica razão.
junto ao pilar das antinomias está o ser humano com as suas disputas vorazes; com os seus motins e as suas humilhações; com a sua existência fingida instalada em panoramas desfocados.
as lágrimas dos homens nascem do vácuo instalado no mundo que os torneia; nascem do viver sequioso que lhes serve para colmatar o desânimo; nascem das equimoses persistentes que os conduzem ao sofrimento.