Prosa Poética

Cidade Luz

Sinuosas sombras
 
pernoitam por entre elegantes
 
passos colorindo o Cartier Latin
 
onde perambulam coniventes melodias
 
apaixonadas e tão extravagantes
 
 
– Suavizo a luz inerte
 
que embebeda todo o ser em comoção
 
confeccionando a linguagem bravia
 
que brota fluorescente de emoção
 
 
–  Foi-se a luz da luz

Sempre...a para sempre

Sempre …e para sempre
 
me sentirei consolado
 
quando neste poema
 
tua existência feliz
 
em meu ser silenciosamente
 
adormecer
 
emprestando-me um abraço
 
estrito e sem mais limite
 
tão docemente profilático
 
 
Sempre …e para sempre
 
encontro-te de certeza
 
ali me devorando

À flor da pele

Acordei para uma madrugada
 
muito devagarinho
 
ateando aos sonhos mais
 
voláteis uma réstia de chama
 
que se renova na fartura
 
de vida que assim nos aclama
 
 
Acordei residindo nos teus
 
braços
 
dissolvendo-me nos teus perfumes
 
semeados à flor da pele
 
onde tatuamos com amor
 

SE EU FOSSE TALVEZ UM POETA

Se eu fosse talvez um poeta
Faria em magia todas as páginas
Livres sem lágrimas, sem dor.

Refeitas de sonhos coloridos
Vestidas com tinta da liberdade
Pintadas com dignidade e vida

Se eu fosse talvez um poeta
As letras tornar-se-iam em magia
Cobririam as páginas em branco.

Já vazias, esquecidas, perdidas
Que de negro se vestiram
Pelas mágoas, dores e sofrimentos

Se eu fosse talvez um poeta
Escreveria somente poesia
Na autenticidade de um verso.

MUTILADOS RUBROS DE VINHO

Restos mutilados na velha cor dos rubros vinhos
Gramática desarticulada acompanhada de lágrimas
Rasga a mortalha do peito no último arrependimento
Nas brumas dos caminhos esta o gemido silencioso
De um tonto místico profeta, na sua liturgia angustiante
Cicatrizes abertas no trilho da memória do sítio incerto
Tecerei uns sonhos irreais como feridos de batalhas perdidas
Penetramos no sentido da vida seríamos menos miseráveis
Nos anseios os tigres de garras que dilaceram o pior pesadelo

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