Prosa Poética

O Abrigo

No meu corpo mora

o lugar de Eros,

mágico,

o abrigo,

o labirinto dos amantes perdidos.

Cai o véu de seda pura,

sobre a tua nudez ,

os pássaros sobrevoam

no voo apertado,

dentro de mim solta-se a liberdade,

a sede,

o desejo,

o principio desperta

e tudo começa.

A indomável paixão

reside em fúria,

sequioso de tudo,

bebo  o olhar

do sol dormente

e ressecada pelo vinho-sangue

Abandonada

Pelo teu silêncio incrédulo ,

egoísta,

cruel,

turbulento,

covarde,

em sílabas que queimam em fogo ausente de chamas.

Abandonada ,

em alfabeto do fim,

na catástrofe da noite,

na  cegueira do vício,

na doença,

no pobre pensar,

no falso olhar em órbita vazia.

Abandonada,

no silêncio das palavras inacessíveis,

na dor,

no presente,

na terra nua,

no deserto em areia fina,

na escolha,

Sei que um dia uma noite

entre a fúria da ternura

e a ondulação do excesso seremos uma ebulição Maior do que ...

As ondas do mar..

Estamos em aproximação inclinada para ...

Matar nossos desejos,

parir nossas ânsias em afagos de ternura..

Eros conhece a geografia das altas montanhas

onde respirar-Te é outra combustão impossível.

Viver na delicia da inocência aberta e nua...

hoje deixa-me ser teu anjo em teus lábios,

sobrevoar -te em tempo zero e em duas silabas pronunciar o AMOR.

Sei que uma noite um dia

A Arte Erótica nasce na floresta de símbolos:

aí o corpo transforma-se em Metáfora e o amor em Código...

Código da chave que abre a porta do Amor absoluto..

nasce a dança falante no corpo...

onde o movimento,

tempo e espaço se inquietam....

A dança desvenda o Desejo dentro do Caos do mundo,

somos as espirais Onde começa a fonte do Princípio.

Emerge o Tacto e apazigua…

principiamos em pétalas de seda pura e nua...

As flores crescem à tona da nossa água corrente:

o fluxo de beijar.