Prosa Poética

À luz da luz

À luz da luz
 
Podemos sim
todos caminhar 
à beira do gotejar
tão intenso como a maré fresca 
e bravia das grande ventanias
que me assolam o espaço da alma
onde a minha contida ausência
por fim desliza fiel e casta 
entre este sopro de cada vida
e a pura elegância das nossas inconfidências
Podemos sim
sem dissidências nas palavras
sem malícias ou desculpas
emprestar à essência da vida

O passado... passou

O passado...passou 
 
Queres ser o meu abrigo na tempestade
queres combater a maldade dos homens?
Ousa-me,
sente-me delicia-me
com beijos que a tua Terra plantou
no seio do húmus amado
para que juntos lá cheguemos precisos
no alento dos ventos concisos
ao secreto mundo 
exaltando nossas vidas;
assim naveguemos pela brisa fresca que
nos impele até ao exílio da pátria amada
num sentimento

Sequiosa Sensibilidade

Sequiosa sensibilidade

 

 

 

Suave é o desejo ... que me acorda pela manhã

Dócil e carinhosa, vem a mão aveludada da alvorada

Um raio de pontos luminescentes

Vem aquecer um coração que bate impetuosamente

Vou agarrar a minha caneta

...esse desejo...de escrever o que tenho dentro

 

 

Sagaz é minha alma e minha caneta

Que não deixa envelhecer as palavras

Que,  quotidianas invadem a tua tez branca

Tatuadas , eloquentes , desbravadas

Utopia

Utopia
 
Caminho só 
repetindo sempre a mesma fé, 
quando alimento minhas histórias
perdidas e solitárias 
entre dois cálices de poesia
sei o que requer
este lirismo absurdo, ingénuo e tão frágil
que muitas vezes nem o coração mais sabe
onde encontrar meus heróis...já se foram...
procuro agora recomeçar, mas encontro o fim de tudo
ou de nada...
e nem quem me abrace tão forte

Pelo canto dos silêncios

Pelo canto dos silêncios
 
Permaneci quieto
em silêncios
deportei até a alma
rumo ao abrigo
onde curo 
minhas dores
temores e lamentos desassossegados
Recostei-me neste dia
à beirinha deste poente
que ainda me permite aquecer
sem demoras
à luz doce e frágil
de uma estrela sem rumo
desafortunada
algemada em gestos e palavras
emudecidas na lonjura dos dias

Lamentar Tortuoso

Tenebrosa esta tempestade,
sacudida por graciosas ondas.
Voluptuosas cristas espumadas,
gracejam o céu irrequieto.
Privado da inocência,
nebuloso e sem consciência,
Amor, sinto-me privado,
do teu calor, já acabado.
Sonolento, vagabundo,
golpeado, injuriado.
Oh fortuito lamentar
vieste para ficar.

Seu sorriso

Seu sorriso 
 
Sabem,
afinal eu sempre me amparo
no sorriso dela,
desbravo-me na inércia do tempo
quando estou a salvo
repleto nos ventos de feição
eu me descubro e me guardo
e de costume até me modelo
em tudo o que sou
quando tudo o que dou
é até às vezes, um raio de sol
que por mim se aventurou;
 
Quando quero
passo,posso e dito as regras
em minha poesia

O que nos devora...

O que nos devora...
 
Às vezes apetece-me mesmo 
fechar os olhos
e sair por aí
deixar-me consumir como o restolho
sentindo que tudo é passageiro
até a solidão onde me recolho
preparando-me hoje 
mais que confinado
às bermas de uma enorme tempestade
recostada neste cântico sentido
sem nunca ter outro motivo
que não seja estar aqui
ser aguerrido, como outrora

O ser livre

O ser livre - aos amigos
 
À noite quando me deito
solitário e desencantado
entre um mundo
repleto de realidades virtuais
rogo à beira de árvore plantada
uma réstia de sombra 
na sombra Divina 
que me conceda entender
uma pouco mais o ser livre
que somos 
entre gomos de poesia
acorrentados nesta ortografia
singela de coreografias
apesar de envelhecida nas fadigas

Passagem do tempo

Passagem do tempo
 
É apenas assim
quando estou a salvo
que me descubro e me guardo
eu tudo cobro
por um punhado de silêncios
enfim me modelo e até
de certo modo
eu dou tudo o que sou,
gradualmente
eu dito delicadamente a fé em minha poesia
neste imenso mar que jaz em agonia
onde tudo ali fica escrito num manuscrito
que por cortesia
de um ouvido atento

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