Soneto

O Soneto dos Cigarros

Dois corações num tudo surgido do nada!
Visionários! De todos os lotes de lugares-comuns...
Duma maneira espantosa e mal-educada
Os dois corações num tufo aflito! Uma espada!...
 
Duas bocas de dentaduras de dentes de nada!
Desesperadas! Na ilusão. A valer de vento...
Na maneira marginal das bocas desbocadas!
O Romancista colorindo o mar de tormentos
 
Dois cigarros e um compromisso de hora marcada.

Lá Se Ia!

Lá se ia! Manquejando e sobrevivendo
O pão de cada dia era fruto da sorte
Lá se ia! No marasmo de sua evolução
O cansaço de sua espécie era sinal da morte
 
Mas lá se ia!... Obumbrado. No sereno da noite
Nunca sabia (No que o acaso lhe resultaria)
Oceano! A vastidão que comprovava o que não conhecia
E talvez nunca ninguém seria... Mas lá se ia!...
 
Pudera o homem ser o oceano um dia
E nascer de seu erro uma nova tentativa

O Arcano da Coruja

Ouviu-se falar em noite cinzenta
Do vôo, como num risco! da coruja...
Certo animal traz notícias sedentas!
Ainda mais sobre a fortíssima chuva
 
Vem num tom de augúrio exuberante!...
Linda ave dos convés da natureza viva
Que por trás de todo o seu charme elegante
Pousa daqui ali! Aquém e além, definitiva!
 
- Sinal da forte chuva é que não deve ser!
E aquelas asas leves e rápidas da fiel coruja

Letargia

    Letargia

 

A tarde é escaldante, é um brasio !

Já as avezinhas emudeceram !

Procuram nas ramagens o alivio

E ao calor do sol já sucumbiram !

 

A vida esmorece em brando armistício

Entre bichos, que em paz adormeceram !

Tudo entorpece ! O espaço está vazio

De risos, de murmúrios, que calaram !

 

Horas prazenteiras, de letargia !

Dormentes, de doce monotonia ,

Mais a doce brisa que vem do campo !

 

Tempo quieto, esquecendo o porvir !

Mundo parado, sem querer seguir !

Injustica

        INJUSTIÇA

 

Há nuvens no olhar entristecido

Do povo desprotegido. Há descrença !

Coração apertado, endurecido.

Já falta espaço onde caiba esp'rança.

 

Gente que ao sol deu seu corpo fecundo.

Aos ricos banqueiros, de< confiança >, 

Deu os trocos, suados ! Sem cuidado.

Que afinal,  são obreiros da desgraça !

 

Senhores de aparência tão distinta !

Rosto sério !!! Elegância definida...

Ébrios de sabedoria...infinita !

 

Estes, de ambição vil e desmedida,

Retrato da morte

Temos  visto a guerra e a morte em direto, vindo de Gaza. Tenho visto também.

 

     Retrato da morte

 

A morte chega ao vivo lá de longe !

Vê-se a mortífera bomba deflagrar.

Espalha-se o terror !!! Quem pode foge !

Entre pó, fumo e sangue, ouço gritar.

 

Grito talvez de mãe que o filho beije,

A quem ness' hora a sorte foi faltar.

Ou por que há quem a paz nunca deseje.

Paz...que a insensatez lhe foi negar !

 

Na crença de que a guerra faz a paz,

Crença torpe , falsa que jamais muda,

SOLTA AS TUAS LÁGRIMAS

SOLTA AS TUAS LÁGRIMAS

Uma lágrima de dor
Solta-se e rola na face...
De efémero esplendor,
Morre no instante em que nasce.

A lágrima espelha amor
Mesmo que usada em disfarce...
O sentimento é a cor
Com que o homem quer pintar-se.

O pranto consome o ser
E lições há que aprender:
Alma e corpo vão às aulas.

Para a vida ser um feito,
Lágrimas presas no peito,
Jamais!... Há que libertá-las!

20/04/2008, Henricabilio

Espelho de água

       Espelho de água

 

Sob luar glamoroso que surgia,

Despiu a timidez que a tolhia.

Qual crisálida que do sono emergia

E se lança em seu voo , de magia!

 

 

A lua, que lá do alto sorria

Ao contemplar tão puro amor , qu' ardia,

Fez um espelho na  água, em acalmia ,

 Retratou o terno amor que floria !

 

E muitas madrugadas se fundiram...

Luares cristalinos refulgiram!

Vidas coloridas perderam cor.

 

Sob um luar agora recolhido

E o amor tantas vezes escondido,

Despiu-se...

       Despiu-se...

Sob um luar sereno, glamoroso,

Despiu a timidez que a tolhia,

Qual cris'lia que do sono emergia

E se lança em voo...esplendoroso !

 

A lua, que lá do alto sorria

Ao contemplar amor tão infinito,

Fez da água um espelho tão perfeito

E retratou esse amor que floria !

 

E muitas madrugadas se fundiram !...

E luas cristalinas refulgiram !...

Vidas coloridas perderam a cor !

 

Sob um luar agora recolhido

E o amor às vezes tão escondido,

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