Velhidade
Autor: Veronica Almeida on Friday, 23 May 2014
ÊXTASE
Fui longe , ao caminhar naquele dia...
Morava a quietude onde cheguei !
Só o murmúrio da água se ouvia,
Corria sob a ponte que encontrei.
Intïma natureza se me abria !
Esmaeci ! Embeveci ! Voei !
Entreguei-me à mística, à fantasia !
Embriaguei-me de belo... Me enlevei !
Nessa contemplação, senti-me em graça !
O eco do amor encheu meu peito.
Desejei um futuro sem defeito.
É nessa doce paz que Deus me abraça !
Ingratidão !
Na tua voz, nada foi elogiado.
Sequer vi um olhar de agradecido
Por tanto que fiz sem me teres pedido.
Ou p'lo que não fiz , quando merecido !
Fui pedra inquebrável...mas ferida.
Ou flor tristonha, frágil, delicada.
Quebrei longos silêncios...desolada.
Impedi tanta vez a derrocada.
Quando olho p'ra trás, nem sei que vejo!!!
Doses absurdas de puro egoísmo !?
Ou esforços gratuitos d' heroísmo!?
Meu peito, guarda ainda o <tal> desejo!
Sinais eternos
Sempre lado a lado, formando um par !
Bicam-se como jovens a beijar !
Ele, orgulhoso no seu emproar,
Vai-a seduzindo , p'ra acasalar !
A pombinha branca age ignorando.
No chão do jardim, vai-se alimentando.
Ele, firmemente, a vai volteando
Até obter o que está cobiçando!...
Jardim de pombos e flores enfeitado !
De casais, que o amor vão libertando !
Alegria pura se vai soltando !...
Passarão gerações neste relvado
Desperdício
Deixei passar mil sóis, despercebida...
Lua cheia que não me iluminou
A noite ! Decrépita... Enegrecida !
Nem reparei no tempo que passou !
Nessa indolente e vã monotonia,
Nem forte escarcéu me sacudia,
Afundada em desafeto e apatia,
A queda no fundo, tão fácil seria...
Mas sou rocha dura ! Não sou quebrada !...
Sou couraçada a duras investidas...
E trago em mim, visão mais alargada.
E despertei dum sono insalubre,
Centelha cintilante em voz de paz e de harmonia
Talham veios em meu corpo como fazem pelo vento
Ofuscada pela luz que lhe retrata em seu unguento
Em mágica fortuna que portar não deveria
Adendo em seu chamado que proclama-se por bento
Consagrado por justiça sobre o sangue de outro dia
No arrebol dessa sentença que o fogo consumia
Em passos convertidos de efeito bem mais lento
Não se atreva a me regar com essa forte tempestade
Nem se atreva a me largar por entre os veios desse solo
Não procure me dispor por nobre fruto o teu consolo
Das raízes dessa terra é que tiro a tua bondade
Já não sei se por verdade ora retiro já o teu dolo
Ou se ele dado o tempo ora faz-se ser verdade
Não se atreva a soletrar o que se faz casualidade
Pois não sou assim perdido e tampouco sou tão todo
Tua pele tão morena bem me dá a minha cor
Os teus passos, mia menina, me seduzem como o mar
Tua face de tão bela bem esconde o teu olhar
E tua boca tão vermelha me soletra o que é amor
No teu corpo de mulher é que eu desejo navegar
Pelas águas de tua pele inundada de calor
Doce anjo tão perfeito eu lhe digo sem favor
Que apenas no teu nome é que eu posso então amar
Tu que vais a pé por sobre o fogo em tua fazenda
Com teus passos de menina sob pernas de mulher
Tu que não tens nada e ainda assim tens o que quer
Não conhece então fronteiras e nem nada que lhe prenda
Tu que com teu verbo faz o dia então chover
Pra regar a flor silvestre que floresce na tua senda
Tu que não conheces poesia que lhe adenda
Bem lhe digo que é verdade tudo o que não possa ver
Uma linha pra esquecer tudo o que fora prometido
Duas linhas e te digo o que me vale importância
Na terça linha se dá forma ao que reflete relevância
Mas a quarta se desmente no que em si está contido
Cinco linhas e começa, mas ainda em relutância
A sexta linha então se conta em tudo o que mantém sustido
Sete linhas, sete folhas, e um verso reprimido
Oito linhas então cantam no cair de uma tendência