Soneto

NADA O QUE DIZER, APENAS NADA O QUE DIZER

Nada o que dizer, apenas nada o que dizer
Sem fronteiras, sem legados, sem vontade e sem tortura
Sem desejos por cumprir, sem carinho e sem ternura
Nada o que dizer, apenas nada o que dizer

Na verdade o dia passa no acalento do seguro
E o que um dia fora claro ora nos deixa no escuro
Todo o chão que era muito ora é perto e tão distante
Tudo que fora odiado ora é o teu melhor amante

A SAGRADA TERRA DAS PAIXÕES

Bela senhorita de vestido reluzente

A valsar por sobre a grama de desejo e de verdade

Tua cintura ora me leva para além de mia vontade

E me faz de tua boca ser o mais sincero crente

 

Minha dama de ouro feita e da mais pura vaidade

Tua certeza me convence e me torna condizente

O teu mundo ora me guia e me faz ser tão contente

Que às vezes, quase sempre, eu me retrato a realidade

 

Nesse mundo paralelo onde nada mais se diz

Onde flores são insetos e a terra não é nada

O NECESSÁRIO FAZ-SE TOLO SE PRECISO FOR

O necessário faz-se tolo se preciso for
E as palavras comedidas podem sim poetizar
Quando é preciso há muita sorte no que for de seu azar
O que é vago faz-se pleno se repleto de amor

O que é mentira faz-se crer quando for dito com paixão
O que floresce também morre quando chega ao seu outono
O que é livre não conhece os poderes de seu dono
O que é concreto também dança se tiver inspiração

Cidade feiticeira! ( A minha cidade)

              Cidade feiticeira

 

 Se a natureza quis expor primor,

  Com dias luminosos...cristalinos,

  Noites de misteriosas neblinas,

   Foi aqui, nesta cidade d'amor.

 

  À borda do rio de correr vadio,

  A brisa refresca...atiça paixões !

  Brota sedução... Criam-se ilusões !

  Ecoam suspiros...ais...d'amor sadio.

 

  Mas é chegado ao mar que o belo se exalta !

  Quando por fim, o sol vai declinando

  E o mar, uma canção rumorejando !

 

DO QUE LHE SUSSURRA MEU SILÊNCIO

Em meus sentidos mais ocultos lhe proponho algo de mais

Algo de rosa a florescer em meio à densa luz da lua

Algo tão grande como a terra a vislumbrar a voz que é tua

E que com ímpar atitude canta valsas naturais

 

Em minha forma de criar a minha filha que flutua

Com meus ditos inaudíveis em verdades irreais

A tua imagem é concreta em tuas vertigens cereais

Que florescem e amaduram entre a tua pele nua

 

Se fizesse eu lhe tomasse por um copo de veneno

Que dilata a minha forma, mas dá força e dá vigor

Quimera dos desejos

Ah! Pudesse eu desfrutar a doçura
Da tua pele em minhas mãos
E do teu coração a frescura
No sussurrar de sonhos vãos!

Ah! Pudesse eu tecer um véu de ternura
Tão fino como da areia os grãos
E cobrir a tua alma numa noite escura
Atando-te em meus braços sãos!

Ah! Pudesse eu beber teus beijos
Como água deleitosa e pura
E derreter na tua chama os meus desejos!

Ah! Pudesse eu sentir na cintura
O calor e a firmeza das tuas mãos
Na quimera da minha loucura!

Sonhos ! São como nuvens...

    Sonhos! São como nuvens...

 

Gosto de olhar o céu! Ver nuvens brancas 

de algodão macio !Palácio de almas !

Descobrir as sombras que vão criando,

Com raios de luz que as vão trespassando !

 

Ora há cabrinhas, imensas! E alvas !

Ora há  princesas, chorando, cativas.

E monstros horrendos que as vão espiando.

Ou flores belas... se vão esculpindo !

 

Assim são os sonhos...tal qual as  nuvens!...

Nascem, são reais...parecem credíveis !

Mas o tempo diz que são perecíveis.

 

Amor juvenil

          AMOR JUVENIL

 

Naquele recanto de flores, escondido, 

Calados...tão ternos e embevecidos,

Namora um casal de olhar esquecido

Ignoram passantes...d' amor perdidos !

 

Belo, o amor juvenil !... Arrebatado !

Mãos dadas e olhos que se entrelaçam !

Fogo primaveril...de tanto agrado...

Fantasias e sonhos...fecundados...

 

Nesses amores de pura poesia,

Derramam-se lágrimas, tão sofridas !...

Ficam no peito as primeiras feridas !...

 

Amores vibrantes, de doce magia...

D' encantar ! ( Convite à visita )

      D' encantar !   ( Viana do Castelo)

 

Subam o monte num dia luzente.

Avistam o mar imenso !... Bramoso !

Abraçada ao monte, a cidade e a gente,

Altiva ! Vaidosa !... E tão calorosa !

 

Entre serra e mar, nasceu fulgurante !

Ornada de cor e brilho pomposo,

Fragrância a flores, descida do monte,

Vestida de luz, dourada e quente !

 

Quem em Agosto por ela passar,

Vê-a risonha ! Em pompa ! A brilhar !

Com toda a sua gente alegre e a bailar !

 

Uma cidade bela, de encantar !

O moinho

Corpo redondo, olhos pequeninos,
no cume da serra de braço a girar
ao sabor do vento, cantando hinos,
sem preguiça... sempre a trabalhar.

Lado a lado com o seu amigo,
elabora a farinha e canta crente,
ser capaz de fazer de um grão de trigo
o fim da fome que mata tanta gente.

Assim passa a noite o redondo moinho,
dando guarida ao moleiro, que sozinho,
luta na noite ora a trabalhar, ora a vigiar

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