Surrealista

O Corpo sem Rima

Há luzes indóceis
na ribalta apagada
vejo ideias sem vozes
ouço súplicas hilárias
coisa nenhuma foi ensaiada
nada se improvisara
e nesse único ato
nas cortinas fechadas
na guilhotina enferrujada
reverbera alto
a atuação desmedida
de uma cabeça sem corpo
de um corpo sem rima.

VIVER MAIS

VIVER MAIS

A cidade grande as tecnologias,

nos matam pouco a pouco.

Vivemos sempre juntos, mas,

distante uns dos outros.

 

Antigmente víamos os velhos,

Andarem de mãos  dadas,

Agora vemos jovens separados,

Por causa das parafernálias.

 

Antes conversávamos mais,

brincava mais, sorria mais.

Agora corremos menos, vivemos menos,

fatigados mais, não olhamos para trás.

 

Sempre querendo mais, o  que pouco,

sabemos é o que menos temos,

é que nos faz feliz muito mais.

A SANGUE FRIO

A SANGUE FRIO

Sangue frio, coração vazio,

Cidade calada, 

A ordem é o silêncio.

O bang bang à toda hora,

todo instante, morre um inocente,

junto ao culpado.

Soldados que morrem com farda brasileira,

Em guerras estrangeira.

Ai de de ti Haiti!!!

Os inocentes que restam, oremos por eles!

Leis que se afrouxaram,

A frieza corre solta, niguém liga pra mais nada,

Parece que é o fim.

"Aos que crerem em Jesus, não provarão a morte,

mas, passarão da morte para a vida".

Infinit Haos

Estrelas mais antigas que o mundo dos homens ainda ardem antes de qualquer outra memória. Tempos ancestrais de loucura nos quais um ódio profano reinava avizinham-se uma vez mais, o desespero será enorme. O vazio tudo consumirá, nada restará. As cinzas do passado cobrirão este mundo uma vez mais, o sonho ancestral. Mórbido corpo celestial, portador do Caos Infinito, aquele que cria e destrói.

O Mimetismo do Cinza de Nossas Vidas

O sol é verde,

Azul ao extremo,

Às vezes.

O sol não emite calor

Ao se sucumbir aos homens incolores.

Há outras estrelas,

Uma bem no meio do mundo

Dos outros.

Esse mundo “docês”,

Que não vou nem a passeio.

Passo nem perto,

Desse caminho escuro que não se caminha.

É escura e funda, a vaidade

Um afresco,

Em suas paredes de idiocracia.

Por isso mesmo, o sol nunca que lhes chega.

Mas eu sou um sol,

Aquela gema vermelha,

Ainda que num dia de chuva amena.

O Louco de Platiplanto

Eu conseguia ver o que havia sob o ralo.

Vermes, cabelos, espuma e escarro,

Esperma.

Eu tomava banho,

Coisa rara.

Mais um pouco

E o esperma cresceu sob a espuma

Do xampu ou do sabonete.

Havia cabelos lisos compridos

Em sua cara de Perseu.

Cabelos meus

Ou dela?

Minha menina caquética.

Com o esperma vieram os vermes.

Apanhei o rodo e dei neles,

Em vão.

A luz apagou ou acabou,

Tudo ficou escuro,

Como se eu estivesse no fundo

De minha garrafa vazia de Bourbon.

AUTOBIOGRAFIA

AUTOBIOGRAFIA:

Sou Madalena Alves Cordeiro da Rocha, nasci aos 17 de setembro de 1956.

Idade: 60 anos.

Local do nascimento:  Afonso Cláudio Estado do Espírito Santo.

País: Brasil.

Profissão: Costureira-Aposentada.

Sou a segunda filha, dos sete filhos de meu pai e minha mãe.

Meu pai: Moisés Alves Cordeiro

Analfabeto, agricultor. Repentista. Os versos vinham na hora e cantávamos juntos enquanto trabalhávamos nos becos de café, ou, em qualquer outra atividade na lavoura.

SIGNIFICANTES

Ó, vil pedaço de corpo
“de mente” insegura de ser;
qual é o seu mundo autêntico?

Incertezas depressivas,
inconstâncias passíveis
de questões explosivas?

 

Alma cansada, ou até “penada”,
localizada entre a carne e o espectro,
espasmo, orgasmo do intelecto,
feliz humor de crise,
infeliz aspecto;

 

desprezo,
questiono,
contesto,
enfim, detesto!

 

Pages