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“ O solúvel do ocre “
No rosto o sentido da dissolução de um vento que corre sem parar! Numa cama distante de todos os olhares, um bem comum onde o mar assobia ao ouvido de uma solidão que nunca está sozinha… o verde na boca ou um descalçar desse rigoroso pesar da vida; numa balança onde pesa o amor e se aquece o ventre! Um lírio deitado no olhar e aquele ramo de rosas que eram para ti, murcharam cedo demais. Dizia que a envolvência do vapor das manhãs era como soletrar uma música de piano ao ouvido de uma rosa!
Proclamei um momento de inspiração e saiu qualquer coisa de cá de dentro; e calor a dissolver e um nada qualquer mas um tudo ser e querer, sem que por isso me tenha de machucar… talvez ali estava uma qualquer perplexidade sem que eu me desse conta mas que me poderia fazer cambalear num momento de euforia de puro amor. Nada sei ou quase nada, descrevo no concreto o explicável para te dizer algo palpável…- “ por vezes de nada serve”!
Voluteei as quimeras de um pássaro negro e no espanto estava disfarçado de vapor celestial; um rosa de querubim na palma da mão onde pousavam as vontades das pessoas no meio dos sonhos!
O pêndulo da temporalidade fazia dignificar aquele segundo em sentirmos a vida num só momento e que tudo parece se desvendar ali, naquele instante – um beijo só é um beijo se for desejado no fundo do mar, onde a deusa sereia faz a coroação do momento apenas pelo momento desejado!
Deveras assim, a procriação do deleite e da harmonia; junta a perseverança na concreticidade que temos em ser alguém; deveras…
Bartolomeu R. Costa Cabral