O CASAMENTO DA LUA
Em uma noite profunda e tenebrosa
nos braços do desvario,
o pobre moço co`a alma suspirosa
olhou p`ro céu e sorriu.
Após anos namorando os vagos passos
de sua noiva silente,
ele queria unir-se com fortes laços
à lua lucipotente.
Tremia muito em seu peito delirante
o coração cheio d`ânsia;
e ele esperava aquele festivo instante,
qual um presente na infância.
O negro céu era o altar; a cerimônia
da noite na sala escura
tinha sua mãe numa chorosa insônia,
por sua triste loucura.
Tinha um tapete de estrelas prediletas
p`ra noiva ali desfilar;
as cantigas dos inúmeros poetas,
e a brisa fresca a soprar.
Ela surgiu em meio às trevas sombrias
com nebuloso vestido,
um buquê que era do mar as ardentias,
um olhar arrependido.
Caminhando sobre os perfumados ares,
por sombras celestiais,
a lua ouviu lá dos altos patamares
de seu noivo os meigos "ais".
Derramou uma lágrima cristalina,
antes da celebração,
e o moço lamentando sua acre sina,
da mudez ouviu um "não".
Ocultando-se em uma nuvem errante
desculpou-se p`los engodos;
não podia casar-se com seu amante,
porque a lua... ela é de todos.
Comentários
Vera Helena
2ª, 18/11/2013 - 22:54
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ÓPERA
Ola grande poeta;
Que belo poema de versos intensos que prende o leitor até o fim. Lembra uma ópera bem poética edramática,de grande beleza. Cada verso dá pra imaginara cena. Adorei.
Abraços
Vera Helena