O penugento

O penugento

Quando leio o que escreveram os grandes poetas
Sinto-me como um pássaro em penugem
Que assiste tantos voos rasantes e majestosos
E enlouquecem no ninho com vontade de voar

Mas a vontade acaba no primeiro pulo ou poema
No primeiro pulo fora do ninho se esborracha no chão
E no chão fica ao alcance de todos os seus predadores
E no chão vê que é impossível um penugento voar

Bestificado

Bestificado

Está a sair como estivesse a entrar
Inconfundível demente
Bestificado pelo rigor do dia-a-dia
Pelo calor dos séculos ultrajado

Viste-se a entrar em sã imersão
Imergiu nos mais nobres pensamentos
Como que querendo somatizá-los
À flor da pele que carece de hidratos

Mas não pecou nem se liquidou
Diante dos destrates do rei bêbado
Do carvoeiro tingido pelo escuro pó
Do coveiro pálido de domingo à tarde

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