Mãe de todas as mortes

Mãe de todas as mortes

Se a morte não lhe assusta mais
É porque venceste na vida
Se a morte ainda lhe assusta
É porque tens longa caminhada ainda

Se o escuro lhe incomoda
Feche os olhos que verás
Que tens um escuro na vida
Maior ainda para superar

Se a solidão lhe destrata
Não se assuste pela sorte
Pois ela é irmã do escuro
Mãe de todas as mortes

Se a solidão lhe conforta
O escuro lhe acalenta
E a morte não mais lhe assusta
Superaste o que lhe impôs a vida injusta.

Janela do vento

Janela do vento

Na minha janela passa uma ventania
é a ventania do tempo que passa
contra minha velocidade pra frente
me joga pra traz e meu coração despassa

A força do vento tempo
é maior que minha velocidade animal
penso que avanço no momento
atraso apenas em veloz pensamento

Não quero ceder a este tempo
que não me deixa dormir como criança
que se cansou na ciranda
mas ao contrario me acorda pra dança

Do gesto

quanta delicadeza há num só gesto
que diferença faz nas 24 pequenas horas do dia 
tudo se transforma ao redor, as letras voltam a conjugar-se 
para o poema que tardava em sair 
as palavras tomam uma insustentável leveza 

Pages