O desgoverno

O desgoverno...
 
Inoperante diante da astucia esperada,
incólume em solo movediço,
de causas mal resolvidas,
satisfeito de ser menos que o prometido.
Haveria sorte em que acreditar,
antes mesmo de começar,
sua vontade será igual surda,
no mundo absolutamente inseguro.
No mesmo comprimento do ora andado,
pelos martírios já suportados,
cobrada pelo espanto de sua enorme sombra
recalcada ainda com o sol a pino.
Presente sempre com enorme fragilidade,
na matilha dos inconsciente,

Sereno

Sereno

Se me encontrares no sereno
serenamente me agasalhe
acalente meu corpo
enxugue minha face.
Se me encontrares sereno
serenamente me abrace
aqueça seu corpo no meu
grude seu rosto em minha face.
Se serenando está a noite
se molhado estiverem os campos
sereno é meu encanto
de te ver assim me encontrando.

A caixa

A caixa

Me vi pequeno, muito,
dentro de uma caixa, minuta,
com paredes, supremas,
em cima de um nada, hórrido.
Assim como antes, hoje,
perdi o tempo, num instante,
ganhei olheiras, gigantes,
nada resolvi, estranho.
Onde estou, agora,
e o que restou, depois,
e quando não mais ver, verei,
serei todo então, resolvido.

Acaso

Chegaste suavemente e como que por acaso

Foste ficando, umas vezes perto, outras nem tanto

As ausências começaram a parecer longas

E as presenças começaram a parecer curtas

E via o teu olhar sem estares

E ouvia o teu sorriso quando fechava os olhos

Sentia o teu cheiro quando respirava

Até que eras em mim, presença inteira

E ficaste por fim

Por mim e por ti, por nós

Porque teria que ser assim

Sem fim…

Ou que por fim, outro acaso nos afaste.

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