do que somos feitos?

Afinal podemos dizer que sabemos do que somos feitos, fora a escrita?

 

Afinal nem tudo conhecemos!

Podemos inventar numa situação aflita:

Dizer!

Que apenas aconteceu,

Sabemos que não somos perfeitos?

Do futuro, ideias, imaginação: o céu!

Que mais do que escrever?

Somos aquilo que ficará por acontecer?

Feitos:

Fora: todos desfeitos!

A vida é o que já sabemos:

Escrita!

 

Afinal aflita!

Tudo conhecemos:

Somos perfeitos!

Tudo podemos inventar:

Surreal imagem

Com pincéis de incolor seda e uma paleta de infindas cores

Pintalguei abruptamente o meu nascer de fugaz cor,

Suavemente embalei os braços da minha mãe,

De alegria esfusiante desenhada

Com bênçãos mil percorri a minha infância,

E de frondosas árvores e inebriantes animais,

Na Terra Mãe fui enraizada.

À entrada do humano viver

Surge a revolta implacável e imunda,

Timidamente pintalguei o meu ser de cor de medo

E rasgando as minhas células,

Singular devaneio

Oiço ao longe intensas e vibrantes badaladas

O chilrear brejeiro e alegre dos pardais

Que tal como eu sentindo a suave brisa de vento

E que acorda o reflexo dourado da Terra que me acolhe

Grandiosa e divina que os meus pés pisam sem pudor

Mas na minha alma retrata o meu ser

Ser este que de tão perturbador,

Sonha com o infinito e eterno céu

Que os meus olhos com encanto abraçam,

E que no meu coração habita para nele sempre permanecer

Sentindo em mim que o meu ser é das estrelas

Roubaram-me a lua

Os deuses roubaram-me a lua do céu

Imensa ela brilhava e encantava

E profundo e intenso aquele desnudado encanto,

A minha alma preenchia.

Cintilantes estrelas semeadas no firmamento

Enfeitiçavam-me e em mim desenhavam

O esplendor da vida.

E a lua que era o meu celestial guia,

No céu deixou de brilhar.

E a inquietação varreu o meu olhar

Num imenso mar de nostalgia,

Onde reina o meu coração.

E roubaram-me a lua...

Só para desvairarem o meu coração.

Por ela incessantemente procuro

Vivificante saltitar

Saltitando de ramo em ramo,

Como se fossem somente uma nuvem de sonho

Brejeiros cantarolando o extâse da vida

No seu canto carregam toda a fragilidade

Que jaz no exuberante cosmos,

Criado por aquele que eternamente procuro

Sonho desfasado neste corpo que padece,

De não te sentir neste mundo que percorro,

Desenhando esta longínqua estrada

Que os pardais suavemente pintalgam

Para depois eu crer

Que a sua singela canção,

Foi cantada para mim, na minha estrada

Pages