Ela, Eu e o Meu TOC
Autor: André Claro on Saturday, 7 October 2017O lápis estava sobre a mesa,
Entre eu e ela, mas sem estar alinhado
Com a beirada do tampo quadrado.
O lápis estava sobre a mesa,
Entre eu e ela, mas sem estar alinhado
Com a beirada do tampo quadrado.
Com pincéis de incolor seda e uma paleta de infindas cores
Pintalguei abruptamente o meu nascer de fugaz cor,
Suavemente embalei os braços da minha mãe,
De alegria esfusiante desenhada
Com bênçãos mil percorri a minha infância,
E de frondosas árvores e inebriantes animais,
Na Terra Mãe fui enraizada.
À entrada do humano viver
Surge a revolta implacável e imunda,
Timidamente pintalguei o meu ser de cor de medo
E rasgando as minhas células,
Oiço ao longe intensas e vibrantes badaladas
O chilrear brejeiro e alegre dos pardais
Que tal como eu sentindo a suave brisa de vento
E que acorda o reflexo dourado da Terra que me acolhe
Grandiosa e divina que os meus pés pisam sem pudor
Mas na minha alma retrata o meu ser
Ser este que de tão perturbador,
Sonha com o infinito e eterno céu
Que os meus olhos com encanto abraçam,
E que no meu coração habita para nele sempre permanecer
Sentindo em mim que o meu ser é das estrelas
Os deuses roubaram-me a lua do céu
Imensa ela brilhava e encantava
E profundo e intenso aquele desnudado encanto,
A minha alma preenchia.
Cintilantes estrelas semeadas no firmamento
Enfeitiçavam-me e em mim desenhavam
O esplendor da vida.
E a lua que era o meu celestial guia,
No céu deixou de brilhar.
E a inquietação varreu o meu olhar
Num imenso mar de nostalgia,
Onde reina o meu coração.
E roubaram-me a lua...
Só para desvairarem o meu coração.
Por ela incessantemente procuro
Saltitando de ramo em ramo,
Como se fossem somente uma nuvem de sonho
Brejeiros cantarolando o extâse da vida
No seu canto carregam toda a fragilidade
Que jaz no exuberante cosmos,
Criado por aquele que eternamente procuro
Sonho desfasado neste corpo que padece,
De não te sentir neste mundo que percorro,
Desenhando esta longínqua estrada
Que os pardais suavemente pintalgam
Para depois eu crer
Que a sua singela canção,
Foi cantada para mim, na minha estrada
Nas brumas da realidade
Fugazes momentos que transbordam de vida
Presença única que de ti, universo infindo
Encontro nas vísceras que em mim reclamam
O estar vivido nesta realidade que me afoga
Num mar de caóticas sensações de nada
Procuram incessantemente em mim, a vida
Que desnudo e assim sentida,
No breu do meu olhar se desvanece
Apenas neste profundo ser que de mim renasce
E se aflora abruptamente no meu sentir
Que de ti, universo imenso
E este imenso mar abalroa o meu olhar
Sonantes ondas transpõem o meu ser
De profundidade sedento,
Jamais desenhada na superficialidade desta realidade,
Que me afoga com desdém
E inerte olhando para esta sua imensidão
A minha alma finalmente encontra,
Aquela paz que o meu ser escabrosamente anseia
E assim permaneço desejando somente
Reencontrar nas suas intempestuosas vagas
Aquele silêncio que absurdamente me envolve,
E me devolve o breu desta vida