Miragem

Caminho envolto numa miragem, os cães ladram à minha passagem,

caminho cheio de fé, coragem, eu não sou eu, apenas miragem...

 

Sou sombra, vulto, silhueta, sou a minha própria meta,

a minha sina é triste, incerta, olhos vidrados numa ampulheta...

 

Eu sou o fim, sou o futuro, um sonho estranho onde há um muro,

a semente do fruto maduro, a paz é o que eu procuro...

 

Sonho de Amantes

 

 

 

 

SONHO  DE  AMANTES

 

 

 

 

No areal que acolhe o meu corpo já cansado

Da sofreguidão de te amar e me doar

Sinto o arfar vindo do teu coração quente

E o teu corpo suado entrelaçado no meu.

Pétalas orvalhadas em marés vivas

Ladeiam nossos corpos mutilados

Aniquilados de sentires e medos

Cansados de desejos incontidos

Sou Mulher

 

 

 

SOU  MULHER

 

 

 

Sou mulher!

Sim, sou mulher!

Todos os dias de todos os meses, de todos os anos

Sou mulher!

 

Sou mulher, sou mãe, sou avó

Enfermeira, cozinheira, arrumadora

Amiga, amante, apaixonada

Companheira, vigilante,

Mas também sou carente e triste

Sorrio com lágrimas, e choro com sorrisos

Luto já vencida à partida, mas luto

(...)

 

Vive-se, sonha-se...

Acredita-se, inclusive...

Mas não se é feliz porque se sonha

E muito menos porque se vive.

 

É-se  feliz, normalmente, com prudência,

Tornando-se a felicidade, num mero sorriso tristonho...

Só os afortunados vivem-na, totalmente, por excelência,

A Dama de Negro III

III
EXISTÊNCIA
 
 
 
 
Dêem-lhe um corpo,
Formas perceptivas,
Alicerces que sustentam conteúdos.
E ela deixa de ser um ideal,
Traço ou miragem,
Que flutua nas profundezas mentais.
 
Esta prisão cerebral,
Só no mundo das ideias sei viver.
Viver apenas no cérebro
É uma existência demasiado silenciosa.
 
Triste viver sem existir –

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