Quem diria

Quem diria que o fim retornaria ao início
De uma lição outrora ignorada
E que na aprendizagem virasse princípio
De uma visão agora aprimorada...

Quem diria que na razão residia o abismo
Dos sonhos reestruturados pela vida,
Que seria levada pelo absentismo
De uma ausência na presença retida...

Quem diria... que enquanto te segurava, te perdia...
Sem querer, em ti me revia,
E esquecia os sonhos que eram meus.

Elevo com relevo aquilo que me apetece

Nesta sociedade hipócrita que sempre recusou,

A realidade de alguns que nunca tiveram nada.

Uma necessidade incendiada porque quem a queimou.

Um história esquecida, omitida ou alterada.

Eu sou quem eu sou, ação ou palavra,

Herdei do meu avô esta vontade de cantá-la.

Eu sou a voz infindável, garra imparável, a mão coberta de terra enquanto a escavava.

Eu sou cada dádiva, eu sou cada lágrima, eu sou a paz, a guerra, eu sou a raiva.

Sou a falta de sono, sou aquele que não esquece,

Ás vezes sou o frio que a noite te arreferece,

Tanto esperei

             Momentos de impaciência

              Saber esperar é uma arte

              Arte cênica, artimanha

              Momentos, minúcias, ciência

                                   *

            O pé tamborila

            A espera atormenta

            Explosão de angustia

            Não quero! esperar me aniquila

                              *

          Por fim me pergunto

           Não me obrigue

          Parece tolice

          Tanto esperei: mas estamos juntos

 

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