Um início

Achei um pequenino anseio habitado no meu peito

Com todas as horas dadas a consumir-se

Em memórias delicadas de cada passo que dei.

 

O infinito rabiscou uma frase no alpendre de nosso casebre,

Era janeiro, era quente, eram solitários os dias de domingo,

Mas mesmo com os tombos duma solidão surda

Ouviam-se os canários a chocar seus passarinhos

Nos crânios da varanda e a manhã nascia amarela.

 

Na plenitude daqueles dias choramos como crianças

A nossa última palavra.

 

Improvável Perda de Tempo

Águas celestiais banham outras cidades

E cada artéria chamada de rua se dilata para os transeuntes.

A vida se estica como a pele

E nada é inquebrável a ponto de nunca mudar.

 

Corações tolos batem mais rápido,

Empunhando espadas sem escudos,

Do que os daqueles que só aprenderam a morar em muralhas.

E minhas escolhas não me trouxeram até aqui;

ILUSÃO DE UM POEMA RASGADO

ILUSÃO DE UM POEMA RASGADO

(Quanto tempo fica para te reescrever.....)

Neste deserto de frases moribundas,
em dunas de letras que se amontoam
ao sabor do vento alucinado.
No calor das palavras fecundas,
a dor se cala e as frases não soam,
abafadas no silêncio amortalhado.

(Num apelo escrevo para sentir e reviver.....)

Pages