páginas timbradas
Autor: António Tê Santos on Monday, 8 August 2016o teor da programação tempera os dislates do locutor contrariando as notícias que facilitam a vadiagem dos sentimentos.
o teor da programação tempera os dislates do locutor contrariando as notícias que facilitam a vadiagem dos sentimentos.
Achei um pequenino anseio habitado no meu peito
Com todas as horas dadas a consumir-se
Em memórias delicadas de cada passo que dei.
O infinito rabiscou uma frase no alpendre de nosso casebre,
Era janeiro, era quente, eram solitários os dias de domingo,
Mas mesmo com os tombos duma solidão surda
Ouviam-se os canários a chocar seus passarinhos
Nos crânios da varanda e a manhã nascia amarela.
Na plenitude daqueles dias choramos como crianças
A nossa última palavra.
Águas celestiais banham outras cidades
E cada artéria chamada de rua se dilata para os transeuntes.
A vida se estica como a pele
E nada é inquebrável a ponto de nunca mudar.
Corações tolos batem mais rápido,
Empunhando espadas sem escudos,
Do que os daqueles que só aprenderam a morar em muralhas.
E minhas escolhas não me trouxeram até aqui;
os tempos resplandecem com as grandes desgraças porque um estranho processo transmite aos homens a coragem de resistir à agonia.
as manobras inúteis dos trovadores para converterem a poesia em dilemas de leitura obrigatória: ela só é lida nas inclinações duma moda arrefecida pelos ribeiros das recordações.
ILUSÃO DE UM POEMA RASGADO
(Quanto tempo fica para te reescrever.....)
Neste deserto de frases moribundas,
em dunas de letras que se amontoam
ao sabor do vento alucinado.
No calor das palavras fecundas,
a dor se cala e as frases não soam,
abafadas no silêncio amortalhado.
(Num apelo escrevo para sentir e reviver.....)