Voltar

                        Chão em que vivo

                        Chão em que piso

                        Chão de piso batido

                                  ***

                        Deito e reviro

                        No ponto do plantio

                       Na alegria de seu cio

                               ***

                       Desejo e quisera

                      Sem medo ou quimera

                      Sem tristeza e sem dor

                               ***

Agora

Ao olhar da multidão,

Prefiro o olhar do meu cão.

Com certeza que também sou Pessoa,

Mas prefiro ser Leminski.

Uns dias Bocage, outros Aleixo.

Passeando nos jardins de Sintra com Lord Byron,

Ou apanhando conchas na praia com Neruda.

Patriótico como Camões, crítico como Saramago.

Sou eu mesmo, tudo isto, e muito mais.

Todos os anos, todos os meses, todas as semanas, todos os dias.

Todas as horas, todos os minutos, todos os segundos.

Ontem, Hoje e amanhã.

Agora.

Ainda assim por vezes não sou nada.

Este poema é tão triste

Este poema é tão triste,

Que o escrevo a chorar.

Até a felicidade desiste,

De me querer alegrar.

 

Este poema é tão triste,

Nem sabem porquê.

O poeta só existe,

Quando alguém o lê.

 

Este poema é tão triste,

Porque nunca foi amado.

O pouco que resiste,

Noutros poemas que tu viste,

Foi tudo inventado.

 

Este poema é tão triste,

Ao revelar honestidade.

O amor que sentiste,

Nunca o senti de verdade.

 

Este poema é tão triste,

O meu cão

Quando chegar a minha hora,

Se não houver espaço nem abrigo.

Eu juro que me venho embora,

Se não estiveres lá comigo.

 

Se for a alma a faltar,

Se for essa condição sozinha.

Sobes tu no meu lugar,

Que eu ofereco-te a minha.

 

Sem amor não há alma,

Não há alma sem amor.

Se o nosso amor sobressalta.

Certamente tens alma,

Nada nos falta, meu amor.

 

 

 

 

 

 

Pages