O poeta

Eu era um poema tão bonito,

Com o seu inicío, o seu fim.

Tanta poesia que ao ser lido,

O leitor se via em mim.

 

Viver é alegria,

A poesia é tão triste.

Onde a vida é harmonia,

O poeta não existe.

 

Depois de escrever,

Ele já partiu.

Vive sem saber,

Que nunca existiu.

 

A vida é memória,

Sem uma não está completa.

A poesia não tem história,

Só a história do poeta.

 

Aenimar

Sentimentos em bonecos que dançam ao luar,

Inertes, paradoxos que todos sabem

No tempo, uma vida, esperar...

Uma luta, uma chama a auxiliar

O que, em sangue, fora familiar.

 

O progresso de vida sucumbe aos meus desejos...

Penetra-me a bondade e o senso;

Voam palavras e faladores beijos

Na minha mente, diálogos que penso!

Observações

Gélida observação que penetra no escuro...

Inferências que testemunham a loucura,

Ambicionam e putrificam o puro,

Mas sem este existir, com ele, a cura.

 

Os sentimentos óbvios e representados

Dia-a-dia; incompreenções que, decerto

Verdade ou mentira, caminham para perto;

Pela sincronia dos corpos...

Pelo posicionamento humano perante o sentimento...

Qual corpo não será uma marioneta do sentimento?!

Simplesmente afetados pelo semelhante,

Condenando a sorrisos e à tristeza.

Desabafo

Sou um homem sozinho,

Sobrevivo abandonado.

Levaram-me o amor,

Deixaram-me a saudade!

 

Nada me incomoda, já nada me fascina,

 Espanto a vista de quem me olha,

No dia em que a luz  não ilumina,

No dia em que a chuva já não molha.

 

Vou-me embora para outro sitío,

Um sítio longe daqui.

Quanto mais longe estou,

Menos te sinto em mim.

És

És

És só sombra do que quiseras  ser.

Luz baça e fria de estrela distante.

Fogo, sem chama rubra e flamejante

Que sopro gelado impediu de arder.

 

És a  flor sem cor...que o sol não quis ver.

Sem amplo espaço para o horizonte,

Sem água mais pura de uma outra fonte.

És flor fechada...sem o querer ser.

 

És mar sem marés, sem águas de prata.

Não quisera a lua nelas s'espelhar

P'ra que fosse ela somente a brilhar.

 

És vida ! que a ti te fora tão grata !

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