ABRASAS

Tu és o meu porto seguro (...)
Onde eu quero ancorar o meu amor
- Depois de uma tempestade
Encontro os teus braços à minha espera
- Para encher o meu corpo com carícias
Na tua boca cada letra que deixo deixa-te vivo
- Tu és um rio de neve em fogo convertido
Em mim és um peito abrasas escondido.
Afinal os teus doces lábios, fascinam-me
(...) E convidam-me ao pecado.

Isabel Morais Ribeiro Fonseca

CORPO

Perco-me nas estradas do teu corpo
* E tu nas curvas e nas descidas do meu
Nas sensações que nos temos
* E que sentimos como ninguém
Nas longas noites, nos longos dias
* No desejo dos nossos corpos nus
Somos nada mais que dois seres (...)
* Num só corpo.
Afinal o meu rosário é de penas
- Leve como a minha alma (...)
E o meu fardo é suave na mão de Deus.

Isabel Morais Ribeiro Fonseca

NA PELE

Sulcos na tua pele perfumada
De uma lágrima caída que nos afoga
- Onde supomo-nos sós e ignorados
Nas memórias das palavras já apagadas
- Adormecidas estão já as noites
Quando tu dizes que me amas
- E eu acredito no teu amor
Morreria se não tu acordasses
- Dentro do meu coração, da minha alma
Onde percorres-me o corpo com sede
- E morres nas palavras dos meus passos
Onde seremos uma promessa
- Talvez antes e depois de nós
Nos sulcos da pele de uma lágrima caída de felicidade.

DESERTO SECO

Nado em terras secas, cheias de cactos
Despidas cegas como uma toupeira
Em breves rasgos onde descrevo o mar

Deserto seco de areia fértil ou estéril
Ninguém pode dar aquilo que não tem
Sou pó, ao pó eu voltarei a desfazer-me

Onde a vida tira-me as lascas, que importa
Nasce o sol e não dura mais que um dia
Depois da luz, segue-se a noite escura

Sombras que morrem na sua formosura
Tristezas transfiguradas pela ignorância
Nado no deserto de cactos em terra seca.

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