nada se suscita
em um horizonte nublado
-seria uma inferência
das coisas inacabadas?
-seria uma tese hermética
que não se demonstrou?
-seria uma certa abnegação
pelo que não se cogitou?
mas o que há
por detrás dessa cortina sem forma
é o vago ofegar
de uma sombra dissimulada
contesto os artifícios que se estendem pela franja do oásis que inventei; pela penumbra duma ascese onde liberto as minhas recordações; pelos lugares impetuosos onde vislumbro as abomináveis discórdias.
Eu desejo a estrela cadente
algumas realizam sonhos
estrelas pequenas como
planetas cor vermelho amor
vidas sedentas de amores
as estrelas são filhas da mãe Lua
fazem festa no céu de astronauta
mas eu persisto na Terra
e da minha janela,
vista perfeita
a vida é uma espaçonave vibrante
sou uma alma que percorre ruas interessantes
sou luz terráquea, amante e desconhecida
mas musa, tua candura é muito especial
tua formosura é um quadro vivo
o recheio da minha alma situa-se longe do saber que se leciona nas escolas; longe das ambições daqueles que montam as suas tendas no terreno do mundanismo; longe dos alvoroços que perturbam.
a habitual ascensão recupera a lógica das historietas tradicionais: transforma as nossas vidas em lugares-comuns; narcotiza as nossas consciências para depois as verter no abismo das perturbações.
Quando entro no meu quarto, para o meu corpo descansar sinto naquele momento uma voz, para me falar
Olho para todo o lado, meus olhos não vêem ninguém, mas sinto no meu coração um anjinho, chegar do além
Tenho naquele momento uma tão grande alegria, olho e vejo sair do céu, Jesus e sua mãe Maria
rogo aos deuses que me legitimem lá nas alturas onde possuirei a sageza dos inúteis; onde a morte é uma roda que perdurará envolta em sigilo; onde abandonarei a minha revigorante poesia.
E fiquei muito admirado
Pela minha mãe querida
Tinha a força da vida
A minha querida mãe,
Vive com Jesus está bem.
