EM LUGAR DAS MANHÃS

 

 

 

 

1.

o que suprime a ferida

de um amor denegrido

são as cores 

de sua aurora invisível

que sobrevem à cura

como uma premente medida

 

2.

e ao se revestir

de ftons inebriantes

confirma-se neste afã

o gato de te amar

-a ti somente

em lugar das manhãs

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pensar inflama a minha natureza

Ignore tudo o que eu disse anteriormente, sou uma massa corpórea de insolúveis contradições. Meus pensamentos são faíscas de fogos: nascem duma aleatória emoção. Se bagunçam nas miríades correntes de ar, e quando menos espero, uma torrente ígnea incendeia meu corpo. Torno-me um bosque soturno, friento como eu, mas desmatado. A piromania filosófica se absorta pelos meus olhos saltados. E dito isso, a chuva esmaece violando minha introspecção.

Leia-me ou devoro-te

Escrevo para poluir o ar, para esfumaçar como num turíbulo a minha palavra. Sou um padre das liturgias sangrentas. A missa na qual comando, os fiéis são os meus sentidos. O tato demonstra o que espero: tocar-te no ventre dos teus segredos mais íntimos. Ser tão profundo quanto o abissal mar de tua individualidade. Sou uma musa já quase nua para o teu deleite, e para meu desejo, apenas o teu sentir mais puro. Tocarei tua lira d'alma e assim jamais me esquecerá.

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