Jardim

procuro no meu jardim
o cheiro adocicado da paixão
o desejo inebriante do pecado
aquela sensação de imensidão
 
procuro no meu jardim
o sonho da liberdade
esse desejo ocultado
nas teias da maldade
 
procuro no meu jardim
esse aroma fulminante
que exala do teu corpo
pela tua respiração ofegante
 
procuro no meu jardim
esse prazer anunciado
e pelo anseio contido

MARAMAR

Separo notas distendidas 
Nas sombras há algo que não posso moldar
São cigarros que nem trago comigo
Dispersos em mundos medíocres 

Alto falantes submersos em épicos solares
Gritam um jeito de me camuflar
Não posso conter a ida e parto
Ao sol, ao sul ao mar.


Do precioso caminho inundado, ainda existe
Agora há corvos a titubear o céu
Restos de uma gangorra travada
Nem ondas se formam mais

Neste mar de amar 
Navegar é perfeita emoção
E é feliz quem diz

FOTOGRAFIA DO AMOR

Sim... Não... Não... Sim!

Veja  como  é  confuso

Hospedar  em  si  uma  opinião

Quando  o  amor  é  o  retrato.

 

Sentimento  avassalador,  às  vezes...

Tortura,  maltrata,  aniquila  sem  piedade,

Mistura-se  à  paixão,  leva  à  loucura

O  coração  ingênuo  que  o  respalda...

 

Vez  por  outra  chega  de  mansinho,

Constrói-se  mediante  assídua  convivência,

Instala-se  no  íntimo  sem  pedir  permissão

Cultivando  confiança  e  respeito  sublime...

 

Nascer para voar

 
 
O céu sorriu
o sol brilhou
a Primavera se abriu
e o passarinho cantou.
 
Com a arte do amor
dos ramos fez um ninho
aconchegou-o no seu calor
com o seu corpo de passarinho.
 
 
No ninho guardou o ovo
com um canto de embalar
onde um pássaro novo
nasceu para voar...
 
 
Fernanda R. Mesquita
 
A foto é uma ilustração minha, pintada com tinta acríilica
 
 

Para te ter

para te ter
pensei um dia
mudar os hábitos
e a alegria
a forma de ser e estar
desobedecer-me sem pensar
 
para te ter
perdia amigos
enterrava os planos
em jazigos
esquecia como é bom sonhar
só para ao teu lado poder estar
 
mas...
 
então descobri um dia
que para te ter basta ser

INTEMPORALIDADE

INTEMPORALIDADE

As minhas palavras jazem jogadas, rasgadas no chão.
Escombros em papel amarrotado com letras rasuradas,
borradas talvez por lágrimas caídas por desilusão.
Tristes e carentes como esta poesia insuficiente,
que não disfarça as frases gastas, desequilibradas,
sem rima, de alguém desinspirado só e penitente!

Pages