Depois

Depois...
acho que ja estava morto
lembro-me de rir
e de achar um absurdo
o gozo do poder
ser livre antes de partir.
Depois...
o prazer de ficar hirto
às palavras ficar surdo
e  a ordem ignorar
entre eles o desacordo
entre o morto a fingir
o poder a ordenar
e o vacuo entre os dois
e depois
lembro-me de rir
acho que já estava morto!

Serenidade

Compartilhamos por vezes
 
um sorrido doce
 
inimaginável
 
com lágrimas perdidas no convés
 
das memórias lembradas com fervor
 
onde por fim me abrigo
 
no convívio selecto dos amores
 
sem mais deixar vestígios
 
para a eternidade
 
sem mais morrer
 
porque a vida feliz
 
derradeiramente apetece

Eu fui assim ontem...

– Pudesse eu cortar o tempo
 
a tempo de emendar
 
os limites e fronteiras
 
onde nossa força fecunda
 
renasça agregada a cada
 
abraço teu que me agiganta
 
refazendo toda a vida
 
que se ergue dos escombros
 
provada
 
recompensada
 
premiada com alivios
 
e gestos tão imprescindíveis

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