ECCE HOMO - POESIA * Antonio Cabral Filho - 1997

ECCE HOMO - POESIA, é o primeiro livro, publicado individualmente, por Antonio Cabral Filho, em 1997, e se constitui de poemas curtos, minimalistas, poemas-piadas, de cunho lirico-filosófico, bastante influenciado pela Poesia Marginal dos anos 70-80.

Pra ser amor...

- Pra ser amor... é ter que amar
 
sentir, sem ter que suportar
 
teus silêncios
 
satisfazer nossas almas
 
por vezes incomunicáveis
 
ter sentimentos repercutidos
 
nos ecos que revestem
 
nossos beijos insaciáveis
 
 
 
- Pra ser amor...
 
é ter que desembarcar
 
durante as noites longas

Tudo Volta, Até Mesmo A Dor

Volto ao início: ao poeta corrompido. 
Volto às facadas e ao mal-estar sinistro. 
Muita arrogância já correu pelo nosso trilho. 
E, como num passe de mágica, 
Como eu poderia me esquecer de tudo aquilo?!
Como poderia só continuar seguindo?
Continuar em círculos...
Como não iria perceber
O teu enorme vício maldito?
Deixa, deixa acontecer!
Que o destino só deixa quem merece sozinho. 
Eu que não quero, nunca mais depender!

Verso Controverso

Fecho a linha do dia com uma oração vazia:
— Não há nada para ser escrito por fora do meu dia!
Depois apanho um livro e descubro algumas palavras. 
Sei lá, minha alma pede, meu corpo cede, os dígitos seguem. 
 
Meus versos me levaram ao local controverso do qual
Nem sei dizer mais qual é, ou se existe, e como é!... 
Fecho a pia com agonia e com esta fração de sangria:
— Não há nada para ser vivido que já não tenha sido escrito.

Nosso Barulho Virou Cicatriz.

Ouve? Nosso barulho virou cicatriz. 
Talvez o barulho do céu cor de cinza chuvoso... 
Ninguém diz. 
Vê?! É o barulho de todos os nossos erros. 
O entulho de todos os nossos corpos e flagelos. 
Talvez você se torne mesmo um aprendiz!
Ai, como o céu cinza cai.
Quem descobrirá como ele cai, meu pai?!...
 
20 . 01 . 2015

Pages