A cura

A cura   - à minha filha Noemi
 
Com o tempo aprendemos que a dor
nem sempre é dor
toda a lágrima nem sempre é triste
assim como um beijo nem sempre
encurta uma ausência
porque afinal podemos sonhar
e curar com antecedência todas
as mágoas que o dia revela
todas as saudades
que durante tanto tempo
voltaram pra mim,
 
deixando-nos
mais sós e sem contratempos

Poema Profano

(“A escrita salva-nos da loucura” – ORHAN PAMUK, Nobel da literatura de 2006)

* * * * *

Hoje não vou cantar a Vida,
Nem os homens,
Nem os outros animais,
Nem as plantas,
Nem os mares, nem as montanhas,
Nem o vento, nem o sol,
Nem o azul profundo...

Hoje quero ignorar tudo,
Esquecer-me de mim...
Vou até esquecer DEUS!...

Quero fechar os olhos
E fixá-los no Caos distante
- O Zero Absoluto -,
Partindo em alucinada viagem
Para dormir por Eternidades,
Nos braços do Grande Nada.

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