Diz apenas Não

"Diz apenas NÃO"
Este mundo moribundo que não saúdo nem quero saudar,
um rumo de não se querer saber onde ficar,
aquela perdição de não se saber onde estar,
não sei onde se está nem onde se quer parar,
um leque de opiniões e opções que são tantas mas tão poucas,
palavras ocas que flutuam entre os pensamentos das pessoas,
um gps de destinos cruzados e contrários onde todos se perdem,
uma porta aberta de esperança para a rua que esta luz escura impede.

Águas celestiais

Águas celestiais
 
Rima-me imperfeita, 
desnorteada
não deixes nem réstia de uma refractada poesia
morrer em frente ao mar
desinspira-me, 
ressurge se possível renascida em nós ,
aparta-me as lágrimas neste temporal
que a vida lava e recolhe 
nos mananciais de águas celestiais
entre todas as coisas nunca ditas
e amanhã talvez te revele
como viver em tudo que se sente,
no tanto que minha alma 

Teu cheiro

Senti o teu cheiro,

Que o vento me trouxe.

Dos sonhos de vida,

Nos sonhos tu foste.

 

Nas horas cantadas,

A lua brilhava.

Não mais que o meu olhar,

Colado no teu...

 

E o teu cheiro de manga,

Teu cheiro de sonhos.

Teu cheiro de vida.

Teu cheiro de morte.

 

Busco e rebusco o teu cheiro,

O teu sorriso...

Busco e rebusco o teu olhar,

O teu amar...

Busco e rebusco o luar,

No nosso mar,

O nosso brilhar...

Busco e rebusco a felicidade,

Que só tenho contigo,

Sentindo o teu cheiro,

Teu cheiro de manga...

 

Aos Ares

Entre o espaço vago, os dedos enlaçam o que encontram. A ventania começou. Meu peito é tanque em ebulição. Abastece-se daquilo que faz os cabelos das moças invadir os rostos desavisados dos que seguem atrás. Aditivo de Afrodite. O perfume. Enquanto os fios chicoteiam minha barba, o aroma impregna. Aproximo meu rosto. Castigo afável. Mesmo sendo o único momento do dia em que receberei algum afeto despretensioso, seguirei mais feliz para o meu espaço em branco.

No encalço dos ventos

No encalço dos ventos
 
Passou por fim
a mesma calma maresia
o mesmo negrume da noite
se espreguiçando no meu desacato emocional
pleno de ares musicados
na simplicidade de um açoite
e não há nada que me satisfaça
pois entre os dedos se esvai
rasgando a noite
o rigor da nossa aliança e virtude
que aqui nos ata num enlace
desacelerando até os ventos 
petrificados de medo,

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