Aos Ares

Entre o espaço vago, os dedos enlaçam o que encontram. A ventania começou. Meu peito é tanque em ebulição. Abastece-se daquilo que faz os cabelos das moças invadir os rostos desavisados dos que seguem atrás. Aditivo de Afrodite. O perfume. Enquanto os fios chicoteiam minha barba, o aroma impregna. Aproximo meu rosto. Castigo afável. Mesmo sendo o único momento do dia em que receberei algum afeto despretensioso, seguirei mais feliz para o meu espaço em branco.

No encalço dos ventos

No encalço dos ventos
 
Passou por fim
a mesma calma maresia
o mesmo negrume da noite
se espreguiçando no meu desacato emocional
pleno de ares musicados
na simplicidade de um açoite
e não há nada que me satisfaça
pois entre os dedos se esvai
rasgando a noite
o rigor da nossa aliança e virtude
que aqui nos ata num enlace
desacelerando até os ventos 
petrificados de medo,

As mesmas lágrimas

As mesmas lágrimas
 
Sinto ainda teu brado
aos meus ouvidos 
reveste-me teu presente
embebido no ténue futuro, 
e pinta-me teu perfil elegante
aos olhos de um simples mortal,
não com a mesma tinta indelével
mas com sabores absolutos
que a vida cruel às vezes dissipa
 
Derrama-me as mesmas lágrimas
aos olhos de quem nunca chorei
reveste-me a fé que abala
hoje livre de angústias e tristezas

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