O FEITICEIRO

acordo
noite, gritos, luzes
 
tambores outonais
 
levanto-me
sabor a mel, hidromel?
 
sinto-me sujo
penas, sangue
 
criaturas da noite
criaturas da solidão
 
acompanham-me, libertam-me
 
corro
 
clareira nua
dança nua
 
sinto-me corpóreo, etéreo
lambo-te
 

Inolvidável

Inolvidável
 
Uma simples dúvida prende-me
em duas corteses palavras 
como um beijo saliente se desprende
já sem asas no meu
sentir confidente
 
Lá no infinito horizonte 
repleto de um magnifico
imaginário erigido
existirei desesperadamente
como esse ser incontestável
que me segura a vida
inimputável no degredo
que me impus hoje sereno aceitar
 

Cativeiro

Cativeiro
 
De que alimento eu
minha alma,
perdida e sem
mais saber voar
sem voz na oração ousar
 
perco-me em sussurros 
à deriva do teu esboço
esguio esbelto
sempre em alvoroço
sem ter nem ser mais eu
porque me perco
em tua esquina sem remorso
 
a luz perdeu-se agora
tão fria, tão minha
tão sozinha minha amiga
como está carente

Eminência Urbana

Tu, que fumas o teu cigarro, 
E palpitas o que não sabe
Na nossa cidade de hoje em dia:
Descompaixão, descompostura e desconceito
Já são os setores da nossa agonia!
 
Tu, que caminhas e nem sabe pra onde vai
Sente na pele esse nosso desconforto. 
A desordem hoje muito te atrai
Embora tu partilhes uma vontade parcial de morto!
O inafiançável preço que tem a nossa vida.
Tu, que passas com pressa e já estás de saída...

O Celícola Pecador!

Bem na dimensão cerúlea superior
Foi que existiu o maior pecador. 
 
Da farda do amor era o único pisano!
E o mal veio todo com ele num jugo de dor insano. 
 
O celícola pecador...
Porque nós somos pecadores?
Porque até hoje nós nos preparamos
Para todos os sabores?!...
 
19 . 10 . 2014

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