Noite de chuva

De noite quando dormia, pareceu-me ouvir um barulho ensurdecedor, algo familiar de memória quando ainda era criança, o som agressivo da chuva a cair nas telhas frágeis do meu quarto, na cama feita e medida ao meu tamanho, compatível com todas as minhas dúvidas e mistérios de menino, as árvores agitadas dançavam aos comandos do senhor vento, a água da chuva não parava pelo contrário, um som constante nos meus ouvidos, era atroador

Regresso ás aulas ( recordar é viver)

Lembro com tanta saudade,
o meu tempo de estudante,
dos cadernos personalizados,
e dos livros forrados a papel autocolante...
Lembro do cheiro de Outono,
que do meio das páginas saltava,
quando com pressa desfolhava,
o futuro que neles espreitava...
Lembro do entusiasmo,
do nervoso miudinho,
que era o meu companheiro,
quando me punha a caminho...
Recordo o amontoado de cadernos,
que carregava nos meus braços,
que dificultava e muito,
a troca frenética de abraços...

Imagem e semelhança

Imagem e semelhança
 
Agora é tempo de confraternizar
nada contradizer
porque afinal é esta
a hora matemática
em que escolheremos
pragmáticos, afinal
entre o bem e o mal
resistir sem contrapartidas
sem sequer antagonizar
com aquelas manhãs 
coloridas de uma auréola postiça 
investida de mais esperança
coniventes e até imunes
aos gritos clementes
de quem não tem

Tento saber...

Tento saber...
 
Se hoje suspiro
deve-se a quantos lírios
meus prantos floriram
confeccionando meus delírios
perdido por ti
e assim ando perdido de martírios
compassivo,sereno rumo a Ocidente
de corpo inteiro
percorrendo o meu eu
já sem ragateio
e nem mais tento saber
fico aqui
qual teu servil forasteiro
absorto nas palavras dum poema somente meu
FC

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