Visão do céu

               Visão do céu

Sinto em ti pardal, lá do alto ramo,

A alegria que sentes em viver.

Tens p'ra ti todo o céu azul, que  amo,

Eu, não tenho mais que o chão p'ra viver !

 

Cerro os olhos ! Teu voo p'ra mim tomo.

Voo livre p'los céus... sem me perder !

Vai comigo fantasia, que eu chamo,

Bato asas...perco o mundo...sem o ter.

 

Tu, pardal, és feliz sem o saber !

Tens o mundo p'ra ti, sem o pedir !

Sempre o quis  e  só o posso sentir !

 

Se  pudesse pelos teus olhos ver

Civilidade

Civilidade
 
Chegará a hora da razão
as palavras, quaisquer que sejam
sentirão cansadas
que nunca haverá consagração
a menos que ditemos
novas leis ao amor
outros princípios à razão
mais que saudades
nunca morrer de amor
falar a verdade sem destemor
acolher os fracos no ascensor da vida
alimentar os famintos em nosso desfavor
jamais alimentar o divisor da paz

Atracção

Atracção
 
Requeri toda a liberdade
para eu ardilosamente
poder existir
deixei-me confluir no leito imenso
entre duas margens do mesmo rio
que nos sacia e amamenta
folguei até um pouco a razão
entre breves conflitos
que se instalam neste contrito
beijo na despedida
sei que por ti ganho
mais que a absolvição
mas para o mundo
ah...sei somente
que não fui 

Hora tardia

Hora tardia
 
Perco-me na noite dolorida
abraço-me descontente
entre dois cálices de amargura
já nem as estrelas me consolam
qualquer dia
porque nestas horas tardias
me espreguiço,farto,imenso
em teu leito indefeso
parco em palavras
mas genuíno e propenso
a amar-te tanto,tanto 
porque a ti pertenço
FC

O Protagonista

O Protagonista

 

Em um texto mórbido, nas linhas que o escritor buscava do interior de sua loucura. Sequelas humanas eram expostas. Procurava não caracterizar personagens, era apenas o protagonista de uma história que ainda não fora escrita, mas que por si mesma já existia. Quando um personagem não precisa do escritor, nem do leitor. Qual é o personagem entre o leitor e o escritor? Há milhões deles, talvez sejamos todos nós.

 

Charles Silva

a história duma moeda

uma moeda fulge no cetro, tapa o orifício da fome; anicha-se no ouvido, perfura o ar; em fúria avança e recua sobre os corpos ou funde a si quem parte em busca de ínfima sorte, na fonte peneirando, nas brasas da embriaguês; é uma coroa de espinhos, um enigma! inventa o açoite e o martírio e depois enterra-se no chão.

os fundamentos da alma

destapo o roteiro dos abusos, abro os cortinados existenciais com a força obstinada dum energúmeno que sabe apreciar o lado ínvio das paisagens; infiltro-me nos aquedutos da comunicação para que o mundo se emocione com as minhas evidências, reconto os desenganos sequentes aos sorrisos prestimosos e sinceros, desfaço os nós anquilosantes com uma lógica arrevesada no entrosamento das ideias com os factos experimentais; concebo uma evolução sem as farpelas roídas dos arlequins nem os prejuízos dos usurários ou os caricatos desempenhos dos idealistas, exulto com as estaladas que me transportam

Pages